Segundo o Vocabulário Oficial da Língua Portuguesa (VOLP), existem o verbo empossar e o substantivo empossamento; o verbo enriquecer e o substantivo enriquecimento. Mas, o substantivo empoderamento não existe – apesar de haver o registro do verbo empoderar. Assim, é possível inferir que empoderamento é um neologismo. Isso é comum em qualquer língua. Empoderamento é um substantivo formado por derivação, com o prefixo ¬-em (mudança de estado ou movimento para dentro), o radical poder e o sufixo -mento (transforma o verbo em substantivo).
Significa, conforme dicionários virtuais, a ação de conceder poder a si próprio ou a outrem. Já está na fala do brasileiro; falta integrar essa palavra formalmente à nossa língua (um mero trâmite burocrático para colocar o verbete no VOLP). Mas podemos ir além. Ações envolvem quem as pratica e quem se beneficia delas. Isso é percebido nas seguintes construções: (1) O presidente empossou o novo ministro. (O empossamento do ministro); (2)O funcionário enriqueceu o patrão. (O enriquecimento do patrão); (3) A sociedade empoderou a mulher. (O empoderamento da mulher). intaticamente, todos os termos sublinhados funcionam como complemento nominal (refere-se a substantivo abstrato; é preposicionado; é paciente em relação ao substantivo). Só que consigo perceber algo maior – e mais poético – em “o empoderamento da mulher”. Algo mais drummondiano. O poeta, ao escrever Sentimento do Mundo – para retratar a guerra –, quis ser ambíguo: é o próprio mundo que sente (sofre) ou o mundo é sentido (pelos que se encontram nele)? Ou ambos? Então, pergunto: “o empoderamento da mulher” significa que a mulher se empodera ou é empoderada? Essa ambiguidade é desfeita com o empoderamento feminino. Como sintaticamente o termo sublinhado é um adjunto adnominal, não há mais dúvidas: a mulher se empodera (e esse “se” é reflexivo)! Dentro de toda mulher, há um poder incrível, e ela mesma deve encontrá-lo e emaná-lo! Ela não depende de ninguém para ser poderosa. Pode ser o que quiser!
Só a mulher carrega em si a inteligência, a garra, a sensibilidade e a maturidade. E, ao se empoderar, ela cria e transforma o mundo! honestamente, a construção 3 não descreve o que vivemos. Na verdade, é a mulher que empodera a sociedade. A nós, homens, cabe reconhecer esse poderio – e respeitar a mulher! O empoderamento feminino existe! Gramaticalmente abstrato, mas socialmente concreto! O mundo é melhor assim! “Que nada nos defina./ Que nada nos sujeite./ Que a liberdade seja a nossa própria substância.”/ Simone de Beavoir