José Matos
Padre M… fez muito sucesso no início de seu apostolado. Mas, ao chocar-se, continuamente, com o que ouvia em confissão, perturbou-se e deprimiu-se. Dr. Inácio Ferreira, psiquiatra e ex-diretor do Sanatório Espírita de Uberaba, também chocava-se com o que ouvia, mas não deixava que as confissões lhe desequilibrassem.
Dr. Inácio, mesmo sem saber, seguia uma recomendação que é praticada nos Alcoólicos Anônimos: “O que você viu aqui, o que você ouviu aqui, quem você viu aqui, deixe que fique aqui”.
O padre M…, ao impressionar-se com as confissões ouvidas, não se libertava. Por isto, sofreu e adoeceu. “Ajude e passe adiante”. Esta é a recomendação que não deve ser esquecida.
Aconselhamento é arte prazerosa, desde que haja compaixão, desapego e obedeça a três estágios:
1. Ouvir com atenção e sem julgamento. Não importa o que a pessoa fez ou como ela pensa, o que importa é a ajuda que ela está buscando;
2. Analisar a situação ou o fato para que a descoberta de uma solução seja facilitada; e
3. A partir da concordância, aconselhar, induzindo a pessoa a um entendimento factível e, de preferência, grandioso.
Jesus nunca condenava o aconselhado, mas advertia: “Vai e não peques mais”.
Eu não sei como é a formação dos padres, mas quem vai trabalhar com aconselhamento precisa de pelo menos um semestre de formação na área de aconselhamento. Precisa aprender que está num mundo de pessoas espiritualmente atrasadas, que pode escutar todo tipo de absurdo e, mesmo assim, deve encarar sem condenação, com naturalidade.
Quem procura ajuda deve ser visto como necessitado, e a hora do aconselhamento pode ser o momento de mudança de compreensão e de nível evolutivo.
Dr. Jorge Andrea, antigo psiquiatra do Rio de Janeiro, às vezes aconselhava sugerindo adesão a trabalhos de assistência aos necessitados, e afirmava que o que não conseguia com remédios conseguia com caridade. Muitas pessoas não só melhoravam como se curavam.
Então, não esqueça: há aqueles que buscam ajuda apenas para justificar-se, culpar os outros ou serem elogiados. E alguns, com vergonha ou com medo de serem condenados, escondem o essencial.