Não fosse o talento de um jovem que se apaixonou pela noite do Rio de Janeiro na época do Império, as fronteiras do Brasil seriam hoje bastante reduzidas, mesmo sem perder a condição de “gigante pela própria natureza”. Nascido em berço de ouro, alto, louro e bonito, o carioca José Maria da Silva Paranhos Júnior, mais conhecido por Juca Paranhos, era disputado pelas bailarinas francesas do sofisticado cabaré Alcazar Lyrique de Père Arnaud, localizado no centro da cidade. Ele namorou e acabou casando com a linda belga Philomène Stevens, 22, com quem teve cinco filhos.
Trocando a noite pelo dia, constituía verdadeiro mistério como Juca Paranhos conseguira tempo para consolidar a cultura versátil, exibida nas rodas dos intelectuais da capital brasileira. Bacharel em Direito e poliglota, circulou temporariamente em várias profissões tidas como de elite, entre as quais atuou como promotor de Justiça, parlamentar federal e jornalista, escrevendo para a revista francesa L´Illustration sensacionais reportagens sobre a Guerra do Paraguai. Mas a sua preferência vocacional era mesmo a Diplomacia, muito embora o ingresso fosse dificultado porque era malvisto pela maioria dos membros da Corte, inclusive pelo próprio Imperador, devido à sua explícita assiduidade à boemia, agravada por ser Maçom.
Esse sonho só foi concretizado em 1875, com a viagem de D. Pedro II aos Estados Unidos, quando o grande amigo de Paranhos, o herói nacional Duque de Caxias, conseguiu a sua nomeação como Cônsul Geral do Brasil em Liverpool, Inglaterra. Daí em diante, a carreira do jovem representante do Itamaraty subiu aos píncaros, sendo apontado como gênio da Diplomacia ao resolver questões relacionadas às divisas do Amapá e Guiana Francesa; Santa Catarina e Paraná, contra a Argentina; e entre o Acre e a Bolívia, conseguindo ampliar as fronteiras do Brasil em cerca de 900 mil quilômetros quadrados, área superior a da França e Alemanha, juntas. Por todos esses méritos, José Maria da Silva Paranhos Júnior foi contemplado com o título de Barão do Rio Branco, em 1900.
PS – Casada com Marcus Paranhos, tataraneto do Barão do Rio Branco, minha filha Fernanda herdou o ilustre sobrenome. Mas não costuma usá-lo publicamente, por uma questão de modéstia, optando pelo Sampaio de descendência materna.
No tempo em que o Google não existia
Cuidado com as onças!
Quem disse que Inesita Barroso morreu?