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Chico Sant’Anna
Ano novo e novos governos assumem as extremidades do Eixo Monumental. A Leste, no Palácio do Planalto, gente nova, expectativas de mudanças em relação ao governo que se foi e de uma administração mais próxima às necessidades populares. A Oeste, no Buriti, a sensação é de déjà-vu, mais do mesmo. Um segundo tempo com o time, praticamente, igual. Principalmente, no que se refere às secretarias que possuem maior interface com a população: Saúde, Educação, Mobilidade Urbana, nas quais o governador Ibaneis Rocha (MDB) manteve os mesmos gestores.
“Apesar de ter sido eleito no primeiro turno, não significa que os brasilienses estavam satisfeitos com o desempenho do governo. Na verdade, a população deu uma chance para mudar. Mas o GDF não dá respostas convincentes”, avalia a professora Fátima Sousa (Psol).
Sentimento semelhante tem Adriana Modesto, PhD em transportes e mestre em Ciências da Saúde. Para o que chama de “2º Tempo” da gestão Ibaneis, ela reitera a necessidade de se tirar do papel os objetivos prioritários previstos na Lei Orgânica do DF.
“No âmbito da mobilidade urbana, são necessários o diálogo, a concepção e a implementação de políticas urbanas (planejamento urbano, planejamento de transporte e de circulação) atentas às demandas da população do DF, cuja diversidade, perfis e realidades é tão bem exemplificado na mostra de pessoas que subiram a rampa do Planalto na posse do presidente Lula”.
Para desempacar o metrô e o VLT
Porém, no campo da mobilidade Ibaneis buscará materializar as propostas que empacaram no “1º tempo”. Privatizar será a palavra de ordem no metrô, na implantação do VLT e até na gestão paga de mais de cem mil vagas de estacionamento no Plano Piloto e adjacências, setores que geram imensas cobiças.
A privatização do metrô, em análise no Tribunal de Contas do DF, prevê o repasse de R$ 13 bilhões dos cofres públicos (a valores de 2019), durante 30 anos, à empresa escolhida. O TCDF identificou sobrepreço na proposta superior a R$ 1,4 bilhão. Detalhe: não é prevista a ampliação da atual rede.
Segundo a Corte, o edital pode direcionar a escolha da vencedora. Analistas arriscam a dizer que será a empresa de ônibus Urbi, do consórcio goiano HP-Ita, em parceria com a Companhia do Metropolitano de São Paulo. Ela já opera a Bacia 3 do transporte em ônibus no DF e foi a responsável por elaborar o projeto de negócio utilizado pelo GDF.
A implantação do VLT, orçado em R$ 10 bilhões a serem pagos pelo GDF em dez anos, também esbarra no TCDF e no Iphan, que vetou o uso de redes aéreas de cabos para energizar os bondes. O projeto do VLT foi elaborado por outra concessionária de ônibus, Viação Piracicabana, do clã Constantino. Para tocar esses três projetos, as “meninas dos olhos de Ibaneis”, foi mantida a mesma equipe da Semob.
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