Durante toda semana, a pergunta de 1 milhão de dólares foi: Lula acertou ou errou ao comparar o que está sendo promovido pelo primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ao genocídio praticado por Hitler contra os judeus no Holocausto, na Alemanha?
A jornalista Fabíola Cidral, do Uol News, programa do portal UOL, convidou para uma participação o presidente da Federação Árabe no Brasil (Fepal), Ualid Rabah. Ele iniciou destacando que, segundo números estatísticos das guerras no mundo, comparados ao que acontece atualmente na Faixa de Gaza, a fala de Lula foi um ato de coragem para chamar a atenção do mundo para a matança desgovernada a mando de Netanyahu.
“É preciso desmistificar o genocídio que aconteceu na Alemanha. Ele não é o único. Já tivemos vários genocídios em diferentes épocas e locais, e eu posso citar a guerra de Ruanda, a de Uganda, que matou 11 milhões de pessoas em 10 anos; o genocídio nuclear pelas bombas lançadas pelos Estados Unidos sobre o Japão; e tantos outros”.
E Rabah lembrou: “A escala de mortes, hoje, se aproxima dos 3% da população de Gaza, o mesmo percentual de pessoas que morreram pelo mundo inteiro na 2ª Guerra Mundial. A escala de crianças mortas na Faixa de Gaza, agora, supera, em escala, 236 vezes, as crianças mortas na segunda guerra”.
Ele lembrou, ainda, que nas guerras que aconteceram de 2019 a 2022, morreu uma criança a cada 1 milhão de habitantes. “Em Gaza, morreram 7.337 mil crianças por 1 milhão de habitantes. Na Alemanha, do início ao fim da guerra, morreram 5.5% da população de civis. Em Gaza, de 90 a 92% dos mortos são reconhecidamente civis. Portanto, 1.650% a mais do que civis que morreram na Alemanha hitleriana.
Rabah destacou que, hoje, as crianças representam 45% das mortes em Gaza e as mulheres são 25%. Então, 70% das mortes que já aconteceram na Faixa de Gaza são de mulheres e crianças. Segundo alguns analistas é o maior número de crianças e mulheres mortas em todos os tempos. E isso significa genocídio programado.
Outro dado que ele considera importante, são os abortos involuntários. Segundo a OMS, ONU e outras entidades, tiveram um aumento de 300% do dia 17 de outubro até agora, o que significa que palestinos estão morrendo antes de nascerem.
Segundo Radah, o nível de destruição de infraestrutura é de 75%. A limpeza étnica na Palestina, de dezembro de 1947 a 1951, teve um índice de destruição de 79%. O povo deslocado e morto em Gaza até agora representa 92% da população. Na limpeza étnica da Palestina esse percentual chegou no máximo a 65%. “Então, não tem como não falar que está acontecendo um genocídio em Gaza”.
No final da participação de Ualid Rabah, o jornalista Josias de Souza questionou ao representante da Fepal se há como separar a guerra e a vontade do povo judeu das ações do primeiro ministro Benjamin Natanyharu e das elites israelenses. E ele afirmou que esta é “uma guerra de gabinete, que, independente de como começasse, iria acontecer”.