O número de motoristas do Distrito Federal detidos por embriaguez no trânsito subiu 6,5% nos quatro primeiros meses do ano em comparação com o mesmo período do ano passado. De acordo com o Detran, foram 652 motoristas flagrados dirigindo sob influência do álcool entre janeiro e abril deste ano. Em 2015, eram 612 condutores.
Pelas estatísticas, em média seis motoristas foram levados todo dia à delegacia por dirigirem embriagados entre janeiro e abril deste ano.
No mesmo período do ano passado, cinco condutores eram encaminhados diariamente à Polícia Civil. Em todo o ano de 2015, 2.049 motoristas foram presos em flagrante conduzindo embriagados.
De acordo com o Código de Trânsito, o motorista que apresenta sinal de embriaguez ou que aponta qualquer índice de álcool no corpo é autuado, leva multa de R$ 1.915,40 e tem a carteira suspensa. Caso não haja ninguém para assumir a direção, o veículo também pode ser apreendido.
O motorista é detido quando apresenta concentração de álcool superior a 0,34 mg por litro de ar assoprado no bafômetro – o que configura crime. Ele só é liberado após pagamento de fiança, estimada pela Polícia Civil.
As equipes de fiscalização emitiram 3.530 notificações no primeiro trimestre do ano passado, contra 3.060 no mesmo período deste ano. Em 2015, houve 14.118 registros de motoristas dirigindo embriagados.
Segundo o diretor de fiscalização do Detran, Silvain Fonseca, os números mostram que as ações da Lei Seca são eficientes. \”No DF temos a cultura da abordagem. É uma das unidades da federação que mais autua motoristas embriagados\”, disse.
Ele afirmou ao G1 que o órgão realiza entre seis e oito operações por dia em ações isoladas ou com o apoio da Polícia Militar. \”O trabalho de fiscalização é um trabalho de prevenção à vida porque 96% das intervenções são feitas antes de envolver algum acidente de trânsito.\”
Fim de semana violento
O DF registrou três mortes no trânsito no último fim de semana. Um caso foi de um homem atropelado no Eixo Monumental de madrugada enquanto se preparava para trabalhar com o pai vendendo café da manhã no local. O segundo foi em um atropelamento seguido de capotagem na BR-070, em Taguatinga. No terceiro caso, o motociclista Antonio Eduardo da Silva Mendes, de 52 anos, morreu atropelado por uma motorista no Sudoeste.
Um vídeo obtido pela TV Globo mostra em que o carro atinge o motociclista e a amiga dele, que freavam para passar sobre um quebra-molas. O capacete de um deles chega a cair. Em seguida, a motorista dá ré. Segundo testemunhas, nesse momento ela passa por cima da moto do servidor público.
Nesta terça-feira (24), motociclistas de vários clubes do Distrito Federal participaram de umahomenagem a Mendes. Cerca de 700 pessoas e 385 motocicletas saíram do Park Sul, às 9h30, em direção ao cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul, onde o corpo foi sepultado.
Vários motociclistas carregavam placas com a inscrição “Pare de usar o celular”. A polícia investiga se a motorista que causou o acidente estava usando o celular quando atingiu a moto de Mendes e da amiga dele, que sofreu ferimentos leves.
Sobrinho de Mendes, Daniel Rodrigues, de 34 anos, se dizia revoltado com o acidente. \”Meu tio sempre treinou e estudou muito sobre segurança. O que causou a morte foi a irresponsabilidade. Revolta saber que a pessoa que o matou não está presa, mas estamos aqui para conscientizar as pessoas para não teclar enquanto dirigem. Queremos que as pessoas parem de digitar enquanto estão no volante.\”
Mendes e a amiga foram atingidos após deixarem um encontro de motos organizado todos os domingos no Sudoeste. Testemunhas disseram que o carro que atingiu as duas motos não reduziu a velocidade – indício, segundo as investigações, de que a motorista poderia estar distraída.
A motorista do carro disse à polícia que os motociclistas entraram na frente do veículo dela e frearam bruscamente. Ela afirmou que mesmo freando com toda força, não conseguiu evitar a colisão. O caso é investigado pela 3ª DP, no Cruzeiro.
Para o motociclista Marconcio Duarte, 70, conhecido como “Tigrão”, o acidente poderia ser evitado. \”Nós estamos sujeitos a esses acidentes, infelizmente. O Dudu era um grande amigo, um parceiro de viagem. Como motociclista, ele era um dos maiores exemplos de segurança aqui em Brasília.\”
Duarte disse que o grupo de motociclistas pensa em lançar uma campanha contra o uso de celular no trânsito. \”Nós pensamos em fazer um movimento para chamar a atenção das autoridades, a fim de preservar a vida de todos nós. Futuramente, esperamos que haja punições mais severas para o uso de celular no volante.\”
Amigo de Mendes, Alexandre Fagundes faz parte do mesmo grupo a que o motociclista estava ligado, que reúne mais de 2 mil pessoas no Distrito Federal. Ele era tido como cuidadoso quando pilotava e sempre preocupado com segurança.
\”É muito triste perder um amigo dessa maneira. Ironicamente, ele passou o domingo escoltando um grupo de motos de Goiânia para Brasília. Era um cara muito responsável. Ele tinha combinado de tomar um café com a mãe no fim da tarde. Foi um absurdo não enxergar duas motos desse tamanho, com escapamentos tão barulhentos. Podemos dizer com certeza que ela não estava olhando para frente\”, afirmou.
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