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O número de mortos por policiais paulistas em serviço nos primeiros seis meses de 2015 cresceu 10% em relação ao mesmo período do ano passado e é recorde dos últimos dez anos no Estado.
Para especialistas em segurança pública, os dados indicam que a cultura de confronto continua arraigada na polícia –algo que, para eles, acaba fomentando a formação de grupos de extermínio.
\”Se você tem uma alta letalidade, cria um ambiente favorável. É aquela lógica do confronto. Se é matar ou morrer, então vamos matar logo. Seja no trabalho ou fora dele\”, diz Renato Sérgio de Lima, sociólogo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Na quinta (13), 18 pessoas foram mortas em uma série de ataques em Osasco e Barueri, na Grande SP, e, embora ninguém tenha sido preso, suspeita-se de que a chacina tenha sido praticada por policiais militares em represália à morte de um colega.
As 358 mortes praticadas por policiais do Estado em serviço no período são 128% superiores às 157 registradas nos primeiros seis meses de 2013 quando Fernando Grella Vieira assumiu a pasta.
Os dados incluem ações de policiais civis e militares no exercício da função. Os agentes dizem que essas ocorrências ocorrem em confronto com bandidos –cujas ações podem estar mais violentas.
A quantidade de policiais mortos, porém, não segue igual tendência: entre 2007 e 2011, variavam entre 14 e 15 no semestre; nos anos seguintes, 9; em 2015, 11.
PRIORIDADE
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O governo paulista diz \”ser prioridade a redução dos índices de letalidade policial\” e que tomou medidas para permitir maior eficácia nas investigações de mortes.
Cita resolução deste ano que determina a presença das corregedorias e dos comandantes da região, além de equipe específica de peritos para preservação dos locais.
A secretaria diz ainda que nos últimos quatro meses tem havido uma mudança no quadro, com queda de 15% na letalidade policial militar. E que um balanço com dados de julho –ainda não oficialmente divulgados– apontará uma redução de 1,6%.
As mortes ocorridas em brigas de trânsito, de bar ou até em chacinas, são contabilizadas como homicídio comum.
Para Guaracy Mingardi, especialista em segurança, é preciso uma manifestação explícita do governo de que não tolera uma polícia que mata, sob risco de agentes interpretarem um discurso menos enfático como um aval para a violência. \”É preciso dizer o tempo todo, claramente, que não se tolera isso\”, afirma.
Tanto Mingardi quanto Lima consideram que mortes praticadas por policiais nos confrontos alimenta um ciclo de violência quase sem fim.
\”A vitimização do policial gera efeito perverso que é a cultura da vingança que nunca para\”, diz Lima. \”Cada pessoa que a polícia mata numa periferia leva para o PCC mais dez sujeitos\”, diz Mingardi.
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