Já foi publicada portaria no Diário Oficial da União que autoriza a implementação do novo protocolo de tratamento clínico para a infecção pelo HIV em crianças e adolescentes. O documento ficou aberto para consulta pública por 30 dias.
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A principal mudança é a recomendação do início do tratamento em recém-nascidos expostos ao HIV com AZT (zidovudina) por quatro semanas. Essa indicação aplica-se aos filhos de mães soropositivas que foram acompanhadas desde o pré-natal. Já no caso das gestantes que não tomaram antirretrovirais durante a gravidez, recomenda-se que os bebês recebam AZT por quatro semanas, acompanhado de nevirapina em três doses. Antes, a recomendação era de uso do AZT durante seis semanas.
Outra inovação é a indicação do início do tratamento para crianças a partir de um ano, com carga viral superior a 100 mil cópias (quantidade de HIV que circula no sangue, considerada alta e que sugere o progresso da doença nas crianças). Também é recomendado o início de tratamento para todas as crianças com idade superior a cinco anos e CD4 abaixo de 500. A contagem de linfócitos T CD4+ (CD4) indica como está a resposta do sistema imunológico ao vírus, permitindo ao médico monitorar a saúde do paciente que toma os antirretrovirais. Antes, o único critério considerado era a contagem de CD4 abaixo de 350.
“Os sucessos na prevenção da transmissão vertical, principal mecanismo de aquisição do HIV em pediatria, levaram a uma significativa redução dos casos novos, com estabilização nos últimos anos. Esse cenário de mudanças clínicas e epidemiológicas impõe novos desafios aos profissionais envolvidos no cuidado de crianças e adolescentes com HIV/aids. O novo protocolo vem ajudar os profissionais de saúde nessa tarefa”, afirma o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa. Atualmente, estão em tratamento para Aids cerca de 10 mil crianças e adolescentes.
Desde o final da década de 1990, o Ministério da Saúde publica recomendações para tratamento de crianças e adolescentes infectados pelo HIV e Aids, baseadas nas evidências científicas vigentes. Periodicamente, há a atualização com a inclusão das informações sobre os avanços ocorridos nas orientações para o tratamento e acompanhamento das crianças expostas e infectadas pelo HIV. A partir de 2012, os antigos consensos terapêuticos passam a ser elaborados na forma de Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT), publicados em portaria, após período de 30 dias de consulta pública, em que a sociedade pode apresentar as suas contribuições ao documento.
“Questões como o aumento da sobrevida e a redução da frequência de infecções oportunistas fazem com que cresçam em importância os aspectos ligados à promoção da saúde integral e da qualidade de vida, notadamente na adolescência e na juventude; daí a importância do novo protocolo atualizando as recomendações”, explica o diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, Fábio Mesquita.
O novo protocolo define com maior clareza a primeira linha de terapia antirretroviral TARV. Além disso, o documento amplia as recomendações sobre diagnóstico, manejo da falha terapêutica, adesão, revelação diagnóstica, toxicidade, coinfecções, infecções oportunistas e abordagem aos adolescentes.