Em ato convocado pela CUT e demais centrais sindicais e os movimentos Povo Sem Medo e Frente Brasil Popular, bancários, bancárias e representantes de diferentes categorias voltaram a protestar, na terça-feira (21), em frente à sede do Banco Central, em Brasília, contra a alta taxa de juros imposta ao Brasil pela autoridade monetária e cobraram mudança na composição do Conselho de Administração de Recursos Fiscais (CARF).
Protestos foram realizados em todo o País, nas ruas e nas redes, exigindo #JurosBaixosJá. A data foi escolhida por coincidir com o primeiro dia de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, para decidir sobre a taxa básica de juros (Selic).
Denunciando que a Selic em 13,75% ao ano – a mais alta do mundo – representa sabotagem ao programa de desenvolvimento econômico e social do governo recém-eleito pelo povo, os trabalhadores cobraram, enfaticamente, a saída de Roberto Campos Neto da presidência do BC.
Em relação ao CARF, as representações dos trabalhadores e dos movimentos populares defendem que o órgão precisa ser democratizado, passando a contemplar a participação social em sua composição, de forma que suas decisões deixem de ser determinadas pela representação empresarial.
O propósito é reduzir a sonegação por parte das empresas e viabilizar recursos para investimentos em áreas como saúde, educação, infraestrutura e programas sociais, como o Bolsa Família. “Queremos que o BC cumpra o seu papel no sentido de estabelecer uma política econômica que seja distributiva, contra-cíclica, que seja capaz de gerar emprego e renda pelo aquecimento da economia. E não um Banco Central refém e defensor dos banqueiros, que atua em favor do processo de precarização das contas públicas”, alertou o presidente do Sindicato Kleytton Morais.
“Somente em 2022, foram 600 bilhões de reais desviados do orçamento público para pagamento de juros. A manutenção da taxa Selic em 13,75% é um acinte à população brasileira e ao projeto sufragado nas urnas, capitaneado pelo presidente Lula, e que estabelece uma dinâmica em que os juros propiciem o aquecimento da economia, em que a concessão de empréstimos promova a alavancagem das atividades econômicas, para geração de emprego e melhoria da renda”
Kleytton Morais
Para o presidente do Sindicato, “a fala de que a recessão significa dar segurança para o mercado, proferida recentemente pelo presidente do BC, é um absurdo, que demonstra que a pose e o protocolo já foram há muito abandonados por esse senhor, que não tem estatura, nem postura e nem compromisso para continuar à frente do Bacen. Por isso, estamos cobrando a saída de Campos Neto, para que a gente tenha de fato gestores da política monetária que permitam a execução do projeto compromissado nas urnas, de uma política fiscal que inclua o povo no orçamento, salvaguardando os que mais precisam, por meio de políticas distributivas”.
O presidente do Sindicato aponta como absurdas a composição e a da forma de gestão do CARF. “O CARF, hoje sob domínio de empresários, analisa recursos encaminhados pelas próprias empresas, em processos referentes à responsabilidade tributária. Após o golpe capitaneado por Michel Temer, um dos principais perdões havidos foi o perdão de 25 bilhões de reais ao banco Itáu, em recurso dirigido ao CARF. Portanto, estabelecer um processo de participação social nesse Conselho é fundamental para pôr fim a essas benesses aos super-ricos que dominam a República brasileira”, enfatizou.
O presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues, foi enfático ao dizer que “não dá para o País se desenvolver e distribuir renda com uma taxa de juros absurda como a que temos no Brasil. A classe trabalhadora exige queda na taxa de juros já. E o Campos Neto, se tiver dignidade, deve renunciar, para que a política monetária do BC seja aquela vinculada ao projeto vitorioso nas urnas”.
Frente Parlamentar
Coordenador da Frente Parlamentar de combate aos juros altos, o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) disse ser inadmissível que uma só pessoa coloque o Brasil em recessão econômica. “O presidente Lula foi eleito falando de crescimento econômico, de geração de emprego, de distribuição de renda. Roberto Campos Neto, nós sabemos que você é um sabotador bolsonarista, que quer atrapalhar o governo do presidente Lula. E eu digo: o melhor caminho é o senhor pedir o boné e sair do Banco Central. O que eles querem é construir uma armadilha para o governo Lula. O novo golpe que eles querem dar é desgastar Lula, colocando o País na recessão e aumentando o desemprego. Fora Campos Neto!”, reforçou.
O diretor da Fetec-CUT/CN, Jacy Afonso, destacou que “o fato de o Lula ter sido eleito presidente não significou, por conta de mudança na legislação, que o povo, através do presidente Lula, tenha chegado à direção do Banco Central. Antecipadamente, eles subtraíram o direito do povo de indicar, através do presidente da República, a direção do BC. E é preciso ter claro que a queda na taxa de juros, o aumento do salário mínimo e a reforma tributária são o tripé da nossa luta por distribuição de renda”.
Jacy Afonso, que também é presidente do PT-DF, reiterou: “vou repetir aqui o que disse há dois meses, na outra manifestação que fizemos contra os juros altos: Campos Neto, seja corajoso, renuncie já. Faça um bem à nação brasileira”.
“Estamos aqui em defesa do Brasil e da própria democracia”, pontuou a deputada Erika Kokay (PT-DF). A parlamentar lembrou que “o provo brasileiro resistiu à maior compra de votos institucional que já tivemos em nossa história, resistiu à utilização da máquina pública, resistiu a fotos como o aumento de mais de 100% no cartão corporativo presidencial durante o período eleitoral. Resistiu a tudo isso e votou em Luiz Inácio Lula da Silva. E, ao votar em Lula, votou em um projeto de desenvolvimento nacional”.
Kokay destacou que “já existe uma profunda estranheza no fato de você ter um órgão que faz a política monetária, inclusive de combate à inflação, descolado da política econômica. E quando se estabelece essa taxa de juros que temos hoje, é um boicote, uma sabotagem à soberania do povo brasileiro, que elegeu um programa de desenvolvimento econômico e social, que elegeu Lula, enfrentando toda sorte de sansões de um governo que achava que o Estado era dele, que o Estado pertence ao governante. E o povo brasileiro disse não a tudo isso. Essa decisão não pode sofrer ataques como o do dia 8 de janeiro, nem boicotes no Congresso. E, tampouco, sabotagem do Banco Central”.
E concluiu: “Essa taxa de juros sabota a democracia, sabota a soberania popular, sabota o país. Fora, Campos Neto! Redução da taxa de juros, já”.