As pessoas não querem mais ter que sacrificar projetos pessoais, ou ter que pagar qualquer preço só pra ter alguém do lado. Antigamente, tínhamos que ceder em tudo e, quase sempre, quem tinha que ceder era a mulher. Tinha que abandonar o trabalho, projetos e os amigos na idealização de viver um “grande amor”. Hoje, a grande viagem do ser humano é para dentro de si mesmo, abandonando a ideia de fusão difundida pelo amor romântico. Porém, este modelo começa a ser questionado e vai abrindo espaço para uma nova forma de relacionamento: o poliamor.
De acordo com a Psicanalista Regina Navarro Lins, o poliamor como modo de vida defende a possibilidade de estar envolvido em relações íntimas e profundas com várias pessoas ao mesmo tempo, no mesmo nível de importância, a pessoa pode amar seu parceiro fixo e amar também as pessoas com quem tem relacionamentos extraconjugais ou até mesmo ter relacionamentos amorosos múltiplos em que há sentimento de recíproco entre todas as partes envolvidas.
Difere de outras formas de não-monogamia pelo fato de aceitar a afetividade em relação a mais do que uma pessoa, tal como o próprio nome indica, poliamor significa muitos amores, ou seja, a possibilidade de amar mais do que uma pessoa ao mesmo tempo. Chamar-lhe amor, paixão, desejo, atração, ou carinho é apenas uma questão de terminologia. A ideia principal é admitir essa variedade de sentimentos que se desenvolvem em relação a várias pessoas, e que vão para além da mera relação sexual.
O ciúme passa a ser questionável primeiro porque nenhuma relação está posta em causa pela mera existência de outra, mas sim pela sua própria capacidade de se manter ou não. Segundo, porque a principal causa do ciúme, a insegurança, pode ser eliminada, já que a abertura é total, cada pessoa tem o domínio total da situação, e a liberdade para fazer escolhas a qualquer momento, garantindo assim a sua individualidade.
O amor e as formas como nos relacionamos vêm mudando ao longo dos tempos, ainda que o processo de mudança de história das mentalidades seja lento e gradual, o caminho aponta para a construção de um novo ideal de amor, menos idealizado e mais baseado na cumplicidade e solidariedade, pondo fim a uma exigência do amor romântico: a exclusividade.
Priscila Coelho – Psicóloga – CRP: 01/20408 – Clínica Diálogo