Entre 2008 e 2011, a mineira Juliana* viveu a dura realidade dos presídios brasileiros ao ser acusada de matar o filho de criação, de 6 anos. À espera de um julgamento adiado cinco vezes, ela sofreu na cadeia injustamente, como se identificou apenas seis anos depois. Por supostos abusos cometidos por agentes da Polícia Civil do DF, ela confessou o crime que não cometeu sob pressão e humilhação, praticadas por agentes da 8ª Delegacia de Polícia (SIA).
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Na última segunda-feira, o Tribunal do Júri de Brasília considerou Juliana inocente. A decisão foi tomada com base na apuração voluntária da delegada Renata Malafaia, que, em 2011, atuava na Coordenação de Investigação de Crimes Contra a Vida (Corvida) — hoje, ela é adjunta na 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul). A investigadora pediu a cópia do processo e fez uma série de diligências por conta própria. Em seguida, concluiu a análise e entregou uma petição ao juiz declarando que acreditava na inocência da ré e que o provável assassino da criança seria o companheiro dela. Renata também solicitou à época a liberdade provisória dela, que não tinha histórico de crimes.
O defensor público do Tribunal do Júri de Brasília Carlos André Bindá Praxedes disse ao Correio que, durante o julgamento, a investigadora Renata relatou que a confissão de Juliana à 8ªDP não foi espontânea. A então acusada teria sido humilhada e pressionada psicologicamente pelos agentes do SIA. “Ao júri, buscamos esclarecer que o caminho teria mudado com a nova apuração da delegada e mostrar que ela estava certa. Faltou apuração criteriosa, e a confissão foi forçada. Agora, vamos entrar com uma ação civil buscando a reparação dos danos sofridos ao longo desses seis anos”, explicou Carlos André.