Júlio Pontes
Um dos mais conceituados institutos de pesquisa do Brasil lançou, nesta segunda-feira (14), um levantamento que relacionou as preferências musical e política dos brasileiros. Contratada pela Genial Investimentos, a Quaest ouviu 2.004 pessoas, de 27 a 31 de março, para entender se o que eles ouvem têm ligação em como votam. E os caros amigos que me acompanham aqui sabem que meu compromisso é tentar misturar música – mais especificamente o samba – e política semanalmente. Portanto, seria quase impossível não tratar do tema.
A conclusão do levantamento da Quaest é que o sertanejo é o gênero mais comum entre todos os espectros ideológicos. É o ritmo preferido para 30% dos bolsonaristas autodeclarados; para 25% daqueles que não se consideram bolsonaristas, mas, sim, de direita; para 28% de quem “não tem posicionamento ideológico”; para 21% dos não- petistas, mas que são de esquerda; e por fim, para 28% dos lulistas/petistas convictos.

Se o sertanejo é o preferido, independentemente da ideologia, os dados da Quaest não deixam dúvidas: o gênero musical preferido dos bolsonaristas é o gospel. Quase um quarto (23%) dos fãs do ex-presidente preferem o ritmo de Aline Barros, Thalles Roberto e Padre Zezinho. Em contrapartida, entre os petistas, 15% preferem as músicas religiosas a outros ritmos.
O samba/pagode é o estilo musical preferido para 12% dos lulistas/petistas; 10% dos esquerdistas não-lulistas; 8% dos “sem posicionamento”; 7% dos de direita não- bolsonaristas; e 9% dos bolsonaristas fervorosos. Ou seja, não foi desta vez que vocês descobriram a preferência política do autor, já que posso me enquadrar em qualquer uma das porcentagens mostradas aqui.
Em Brasília, a classe política não quer deixar que o samba seja politicamente independente. Uma das maiores – quiçá a maior – rodas da capital, o Samba da Tia Zélia, anunciou em suas redes sociais um samba “em defesa do mandato do Glauber”. O deputado federal Glauber Braga (Psol-RJ) é alvo de pedido de cassação do partido Novo por quebra de decoro parlamentar. No dia 9 deste mês, o Conselho de Ética formou maioria para aprovar o relatório que recomenda a perda de mandato do esposo da também deputada federal Sâmia Bomfim (Psol-SP).
A política local também gira em torno de uma roda de samba. Lembro que no dia 11 de fevereiro o carioca de esquerda Ricardo Cappelli (PSB) comemorou seu aniversário de 53 anos e anunciou sua pré-candidatura ao Palácio do Buriti, em evento que teve como atrações os integrantes do Samba Urgente, além de Breno Alves e do bloco carnavalesco Divinas Tetas.