Ao longo desta semana, o segundo maior hospital da rede pública de Saúde do DF, o HRT, foi assunto em quase todos os jornais da cidade. O caos na unidade, que hoje tem, pelo menos, 57 pacientes a mais na internação, chama a atenção pelo descaso da atual gestão do GDF, já que os problemas não são nada recentes. Em agosto do ano passado, iniciei minha coluna para o Brasília Capital com o artigo “GDF transforma HRT em depósito de dores e aflições humanas”.
E, de lá para cá, nada mudou. Ao contrário. Enquanto Rollemberg e o secretário de Saúde se preocupam em investir na privatização do Hospital de Base para dar vida a um projeto, no mínimo, esdrúxulo, o SUS-DF está sendo massacrado diariamente. Há três dias, uma grávida perdeu seu bebê depois de percorrer três hospitais da rede pública. No Hmib, no meio desta semana, pacientes fizeram um protesto por causa da demora na realização da cirurgia de uma criança com cardiopatia grave.
É como um dominó. Se o governo não consegue manter os dois principais hospitais do DF em pleno funcionamento – com um sendo privatizado e o outro abandonado –, toda a rede fica prejudicada. Especialmente porque Rollemberg e Humberto Fonseca conseguiram também acabar com a Atenção Primária. Sem especialistas nas Unidades Básicas de Saúde, o que resta aos cidadãos? As emergências. Se elas ficam superlotadas e não conseguem suportar a demanda, resta ainda aquela opção que nem deveria existir: voltar para casa sem atendimento.
Assim, invertendo prioridades, o resultado da conta é o seguinte: o número de óbitos evitáveis aumenta ano a ano, as denúncias crescem e os pedidos de socorro na Defensoria Pública seguem o mesmo ritmo. E é sobre esse legado que tenho falado insistentemente. Um Distrito Federal destroçado, cujas sobras serão nossas e não de Rollemberg e sua equipe de suposta gestão, que certamente não precisam e nem precisarão do SUS.
Agora, para fechar (ou não) com chave de ouro, a desestrutura do Sistema Público de Saúde do DF, o governador Rollemberg e o secretário de Saúde, Humberto Fonseca, decidiram mudar, sem aviso prévio ou qualquer debate, o funcionamento do Instituto de Saúde Mental (ISM), localizado no Riacho Fundo I. A estrutura, que abriga um CAPs, atendimento ambulatorial e uma Casa de Passagem, deve ser, de acordo com os planos do governo, diluída para outras regiões. Porém, se isso acontecer, os pacientes já preveem o futuro: sem atendimento.
Enquanto isso, nas redes sociais, Rollemberg fala de chorinho. Isso mesmo. O ritmo brasileiro que, segundo ele, leva emoção à alma. Resta saber até quando o governador continuará ignorando o choro da população do DF, que padece esperando, há três anos, pela concretização de suas promessas de campanha.