A primeira-dama Michele Bolsonaro em evento da Embaixada do Reino do Bahrein no Brasil – Foto: Reprodução Twitter
Chico Sant’Anna
Um banquete das arábias está dando o que falar em Brasília. De tão suntuoso, é chamado de Baile da Ilha Fiscal do Cerrado – uma referência à festa que a monarquia brasileira realizou na antevéspera da proclamação da República e a expulsão de Dom Pedro II. Além do cardápio, chamou a atenção a lista de convivas oficiais presentes.
O jantar foi oferecido pela embaixada do Reino do Bahrein no Brasil em homenagem a mais um ano de reinado de Hamad bin Isa al-Khalifa à frente do arquipélago no Golfo Pérsico. Praticamente, só integrantes do atual governo foram convidados, o que demonstra, no mínimo, um erro político dos diplomatas, que em poucos dias terão que dialogar com o novo governo. Outro detalhe intrigante foi a presença solteira da primeira dama Michele Bolsonaro. O presidente não se fez presente.
O Bahrein, além do petróleo, é famoso pela monarquia autocrática que propaga o extremismo religioso – onde não são raras as prisões de jornalistas –, e pelo tráfico de mulheres, conforme registra o portal especializado Monitor do Oriente. Segundo esse veículo, o Bahrein é um paraíso do turismo de sexo, destino de milhares de homens, especialmente, israelenses e americanos, em busca de meninas traficadas, ou mulheres estrangeiras prostituídas pela máfia.
Todo esse currículo não desestimulou, no ano passado, o Itamaraty em lá abrir uma embaixada e, tampouco, deixou embaraçadas deputadas como Bia Kicis (PL-DF) e Carla Zambelli (PL-SP), que circulavam sorridentes pelas mesas do ágape. Ministros da Educação, Victor Godoy; e da Ciência, Tecnologia e Inovação, Paulo Alvim; e o vice-governador do DF, Paco Britto, também foram saborear as iguarias árabes.
A presença solo de Michele, contudo, foi o que chamou mais a atenção. Veterana jornalista na cobertura da diplomacia, a colunista Marlene Galeazzi, diz jamais ter visto uma primeira dama comparecer a um evento diplomático sem a companhia do titular do governo. Salvo em agendas voltadas exclusivamente para mulheres. O que não era o caso.
Por que, então, tanto empenho da 1ª Dama em se fazer presente em um evento dessa natureza, rompendo as tradições protocolares?
Toda essa situação tem suscitado rumores diversos pelos corredores da Capital. Há quem diga que representantes do Bahrein possuem negócios no Brasil em parceria com o clã bolsonarista. Outros insinuam que o arquipélago poderá ser um destino seguro àqueles que vierem a ter problemas judiciais no próximo ano. Afinal, não há tratado de extradição entre o Brasil e o Bahreim.
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