Na base da associação de ideias do neurologista austríaco Sigmund Freud, o criador da Psicanálise, esta Copa do Mundo de futebol, realizada na Rússia, me fez lembrar da Copa do Maracanã, em 1950. No que se refere ao jogo de sexta-feira (6), entre o Brasil e a Bélgica, eu não chorei ao testemunhar a derrota por 2 a 1, a favor dos belgas.
Relembrei a derrota para os uruguaios, em 1950, no estádio construído para 200 mil torcedores, 99% dos quais vestindo a jaqueta verde-amarela e chorando de fazer dó, diante de uma fragorosa derrota, também por 2 a 1. Em 58, como agora em 18, o Brasil entrou em campo como favorito, depois de termos vencido nas semifinais a Suécia por 7 a 1; e a Espanha por 6 a 1.
Sendo chamada, então, de \”locomotiva\”, que rebocava um plantel de jogadores espetaculares, tal qual o até então invencível goleiro Barbosa; o super-craque Zizinho, que driblava com os dois pés; o defensor Augusto, que lembrava o físico do Homem de Aço; o artilheiro Ademir de Menezes, que não perdia uma bola na grande área; o botafoguense Nilton Santos, o catedrático de futebol; o \”cabecinha de ouro\”, Baltazar (não perdia uma bola por cima); o perigoso avante Friaça; e o velocíssimo ponta paulistano que tinha o apelido de \”Bigode\”. Ou seja: Um timaço pra nenhum técnico adversário botar defeito.
Quanto aos nossos adversários, os uruguaios, jogadores com nomes desconhecidos, entre os quais o goleiro Máspoli, o avante Ghiggia, Júlio Pérez, Schiafino e Obdúlio Varela, não davam pra meter medo a ninguém. Além do que, tínhamos a vantagem do empate. E já no começo do segundo tempo, conseguimos marcar o primeiro gol, que saiu dos pés do Friaça.
Mas, como alegria de pobre dura pouco, os uruguaios logo a seguir empataram a partida e os lances posteriores ficaram sob o comando do capitão Obdúlio Varela, na base dos gritos, amedrontando nossos jogadores, até mesmo o Augusto, que tinha peito de aço. Poucos minutos antes do final, Ghiggia desempatou, para a empolgação de Máspoli, o goleiro uruguaio, que pulava que nem macaco.
Diante do que ficou caracterizado pelo pejorativo de Maracanazo, eu concluí que não valia a pena chorar ao assistir a derrota do Brasil para a Bélgica. Até porque esgotei todo o meu estoque de lágrimas na tragédia da Copa de 1950.