Reginaldo Veras (*)
O Brasil vive tempos difíceis. Desde o resultado do último pleito eleitoral assistimos, estupefatos, ao desmando dos representantes eleitos democraticamente, tanto no Brasil, com o presidente Jair Messias Bolsonaro (PSL), como aqui no Distrito Federal, com o governador Ibaneis Rocha (MDB).
Esses governantes têm demonstrado, em diversas ocasiões, o total despreparo para lidar com opiniões contrárias, e em outras circunstâncias evidenciam a falta de inteligência emocional e a adoção de uma postura pouco civilizada e pouco republicana, o que leva a cizânias nos ambientes de governo com graves reflexos na sociedade.
Em regimes democráticos exitosos, é usual que os eleitos governem para todos – para aqueles que votaram neles e para a outra parcela, que não referendou sua eleição. Mas o que temos assistido são governantes que atendem a alguns setores da sociedade, deixando outros à revelia, o que alimenta a perigosa radicalização e a divisão do país.
Nesse grave cenário, há disseminação do ódio, perseguição política, censura escancarada, desrespeito às opiniões divergentes e a reprodução das velhas e condenáveis práticas políticas, tais como o uso do “poder da caneta”, além do loteamento de cargos.
No DF, podemos usar como exemplo a consulta para a implantação da “gestão compartilhada” nas escolas públicas. Duas unidades de ensino rejeitaram o sistema, e mesmo assim Ibaneis Rocha resolveu implementar o modelo, desrespeitando a vontade da comunidade escolar e a portaria que regulamentava o programa. O governador, como um déspota, disse em alto e bom som que os insatisfeitos procurassem a justiça e que não toleraria “esquerdistas”.
Nesse mesmo contexto, a Câmara Legislativa foi palco de outro episódio envolvendo a militarização das escolas públicas da capital. Em reunião no Colégio de Líderes, Ibaneis, numa atitude pueril, desrespeitou e agrediu verbalmente um deputado que tentava se contrapor a ele. Faltou trato e postura republicana esperada do governante da capital do Brasil. Faltou humildade. Faltou postura de líder e sobrou postura de chefe autoritário.
O governador precisa entender que não se pode governar na base do grito. É preciso respeitar as instituições, os poderes, as ideologias, as minorias e buscar imprimir um tom conciliador, trabalhando para atender os anseios da população e não suas vontades pessoais e profissionais.
Governar exige mais que preparo intelectual, acadêmico e profissional. Exige também postura democrática e equilíbrio!
(*) Professor e deputado distrital pelo PDT-DF