Rosilene Corrêa (*)
A pandemia da covid-19, que já tirou a vida de 622 mil pessoas no Brasil e deixou outros milhares de brasileiros com sequelas, assanhou os ataques dos antivacina.
Fakes…
O Brasil é alvo dos que, sem qualquer justificativa científica, se opõem a uma das maiores conquistas da humanidade. Em novembro de 2019, pesquisa da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) constatou que 67% dos brasileiros acreditaram em ao menos uma fake news sobre vacinação.
O próprio presidente da República é um dos principais figurões do movimento antivacina. Jair Bolsonaro chegou a dizer que a vacinação de crianças contra covid não se justifica: “Crianças não estão sendo internadas”.
… e fatos
O presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, citou que, só em São Paulo, o aumento na ocupação de leitos pediátricos de Unidade de Terapia Intensiva ultrapassou os 70%.
Dados do Ministério da Saúde mostram que, desde março de 2020, 1.449 crianças de até 11 anos morreram por complicações da covid, mais outros 2,4 mil casos da Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P), associada ao coronavírus.
Além do negacionismo arraigado, a única justificativa para Bolsonaro e bolsonaristas se empenharem na campanha antivacina é a tentativa de fidelizar a base extremista que o apoia. Após a derrota do voto impresso e a pouco menos de nove meses das eleições presidenciais, é preciso ter algo que mobilize seu público. Mesmo que isso custe vidas de crianças.
Vacina
Ainda está viva a emoção do anúncio da criação da vacina contra a covid-19, em meados de 2020. Já vacinamos idosos, adultos e adolescentes. Agora chegou a vez das nossas crianças.
Com as mais de 381 milhões de doses aplicadas, vimos a queda nos óbitos e internações gerados pela covid – mesmo agora, quando uma terceira onda aponta recordes dos números de contágio.
A pandemia não está perto de acabar, mas a vacina vem garantindo números de óbitos bem mais baixos e salvando milhares de vidas. E é com base em fatos, não em fake news, que temos que agir.
Vacina segura para crianças
Todos os estudos científicos mostram que a vacinação pediátrica é segura, necessária e urgente. É por isso que a campanha de vacinação no DF para crianças de 5 a 11 anos deve ser fortalecida. É dever (e também ato de amor) de mães, pais e responsáveis levar suas crianças para vacinar.
Mas é também dever do Estado realizar uma ação potente de incentivo à imunização e combate às fake news sobre as vacinas. É preciso ir aos lares das pessoas, aos espaços públicos; é preciso orientar sobre a importância da vacina.
É preciso também coibir qualquer ato que apoie a iniciativa nefasta de deixar nossas crianças sem o direito à imunização e, consequentemente, à vida.
(*) Diretora do Sinpro-DF
** Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasília Capital