Claro que conheço as festas do chamado mês junino. Porém, por motivos alheios à minha vontade, nunca fui partícipe dessas exibições importadas da Europa, introduzidas no Brasil a partir da descoberta de Cabral, em 1.500. Historicamente, a origem do evento ocorreu no período pré-gregoriano, e embora fosse comemoração pagã à grande fertilidade da terra, foi adotada pela Igreja Católica Romana, que assinalou três datas do mês de junho como santificadas: 13, Santo Antônio; 24, São João; e 29, São Pedro. Assimilado pelos brasileiros desde o tempo do Império, principalmente no Nordeste, a tal ponto que o Dia de São João é feriado na Bahia, desde 2008, por decreto estadual.
- Advertisement -
Foi em Salvador que, neste abençoado 2015 (*), participei pela primeira vez de um São João inesquecível na casa da querida cunhada Lúcia, em companhia de minha mulher Lêda, da doce sogrinha Zoca, além de parentes e aderentes afetuosos. E aproveitei para devorar com incrível avidez um caruru divino, canjica, amendoim e tantas outras guloseimas proibidas a um diabético. Aproveitei para matar a fome de alimentos, acoplada por solidão, na minha adolescência, no Rio de Janeiro. Como se não bastasse esse ostensivo carinho, ainda houve a complementação de uma enorme e linda fogueira, que esquentou a minha alma e ninou meu sono na hora de dormir.
De volta na manhã seguinte à bem-amada Brasília, na certa para compensar a ausência de tantos São João perdidos, Deus ainda me contemplou com mais duas festas maravilhosas: o show de minha netinha Maria Luíza, na dança caipira no salão da Branca de Neve da escola Moraes Rêgo; e a bonita noite de confraternização junina na mansão do casal Fláucia-Ubirajara, onde, mais uma vez, tirei a barriga da miséria, me empanturrando com galinhada, mugunzá e etcétera. Tudo regado a quentão e hospitalidade fraterna.
Embora bastante atrasado, só me resta gritar bem alto, em tom de contrita gratidão: Muito obrigado, São João!
(*) Abençoado, sim, levando em conta que em 2014, além do infarto agudo do miocárdio, fui atacado por uma sequência de ziquiziras físicas que me deixaram à beira de atravessar o rio Jordão no rumo do Oriente Eterno. Mas essas ocorrências negativas já foram devidamente arquivadas, com base no aforismo: “águas passadas não rodam moinho”.
Leia Mais:
Um companheiro chamado Luan
O herói que a mídia do Brasil esqueceu
Calabar, o elogio da traição