Morreu na segunda-feira (29), em Brasília, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães Neto, 84 anos. Professor, diplomata e economista, ele ingressou no Itamaraty em 1963, e ao longo de sua carreira ocupou diferentes cargos públicos, deixando-os, muitas vezes, por defender, com independência, suas convicções. O corpo será sepultado na quarta (31), no cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul, às 14 horas.
“Com o coração partido e a alma tomada pela dor e pela saudade, comunico a passagem do meu amado companheiro Samuel, depois de 27 anos de uma vida partilhada de amor e felicidade. Partiu em paz. Que Deus o receba na luz do amor que ele semeou por onde andou, seja na família, entre amigos”, despediu-se a viúva Maria Maia.
Samuel Pinheiro era muito próximo ao ex-ministro das Relações Exteriores e atual assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Celso Amorim, e tinha ligações históricas com o PT. “Perdi um grande amigo e o Brasil perdeu um excelente estrategista, escreveu o presidente regional da legenda, Jacy Afonso, em suas redes sociais.
Carreira – Em 1965, no início do regime militar no governo Castelo Branco, foi exonerado do cargo de diretor da Assessoria de Cooperação Internacional da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) por resistir à interferência da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid).
No governo do general João Figueiredo deixou a vice-presidência da Embrafilme durante a crise gerada pelo filme “Pra Frente Brasil”, uma crítica contundente à tortura de presos políticos no País.No governo Collor, por discordar da rápida abertura às importações, preferiu se afastar. Morou cinco anos na França.
Durante o governo Fernando Henrique Cardoso, criticou publicamente a entrada do Brasil na Área de Livre-Comércio das Américas (Alca) e foi exonerado do cargo de diretor do Instituto de Pesquisas em Relações Internacionais (IPRI) do Itamaraty.
Samuel Pinheiro Guimarães Neto foi secretário-geral das Relações Exteriores do Itamaraty de 2003 a 2009 e chegou a ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. Deixou o cargo em 31 de dezembro de 2010, no final do governo Lula.
Em 2011, o embaixador foi designado Alto-Representante Geral do Mercosul para um mandato de três anos. Na função, Samuel Pinheiro coordenava a implementação das metas previstas no Plano de Ação para um Estatuto da Cidadania do Mercosul, aprovado em Foz do Iguaçu, em dezembro de 2010.
Renunciou ao cargo em junho de 2012. Segundo ele, a decisão ocorreu por falta de apoio político dos quatro Estados membros (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) para a implementação de projetos. Foi professor da (UnB) de 1977 a 1979, entre outras atividades acadêmicas em Brasília e no Rio de Janeiro.