A agência de classificação de risco Moody’s rebaixou nesta quarta-feira a nota de crédito do Brasil e retirou o grau de investimento do país, que perdeu o último \”selo de bom pagador\”. A agência também alterou a perspectiva da nota brasileira para negativa, indicando que pode haver novos cortes devido ao ambiente econômico e político desfavorável do país.
De uma só vez, a nota do país foi reduzida em dois degraus, passando de “Baa3” — último nível de grau de investimento — para “Ba2”. Com a decisão, o Brasil não conta mais com o selo de \”bom pagador\” de nenhuma das três principais agências de rating do mundo, já que Fitch e Standard & Poor\’s já haviam tomado tal decisão no ano passado.
A decisão da Moody\’s foi baseada na deterioração adicional dos indicadores de dívida do Brasil em um ambiente de baixo crescimento, com a dívida provavelmente excedendo 80% do Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos três anos, e na “desafiadora dinâmica política, que continua dificultando os esforços de consolidação fiscal das autoridades e adiando reformas estruturais”.
A Moody\’s havia colocado a nota do Brasil em revisão para rebaixamento no início de dezembro, alegando piora da trajetória fiscal e econômica e risco de paralisia política.
\”Os acontecimentos macroeconômico e fiscal nos próximos anos devem produzir um perfil de crédito significativamente mais fraco. A dinâmica do crescimento vai permanecer fraca nos próximos anos aumentando a pressão sobre a política fiscal\”, disse a Moody\’s em comunicado.
S&P e Fitch retiraram o grau de investimento do Brasil em 2015, sendo que a S&P voltou a cortar o rating brasileiro na quarta-feira passada, afastando o país ainda mais de seu \”selo de bom pagador\”. Com o corte do último dia 17, a nota de crédito da dívida do país passou de “BB+” para “BB”, com perspectiva negativa. O novo patamar, dois abaixo do grau de investimento, enquadrou o Brasil na mesma situação de países como Bolívia, Paraguai e Guatemala.
Segundo a Moody’s, a perspectiva negativa reflete a visão de que estão crescendo os riscos de uma recuperação ainda mais lenta, ou de que ocorram choques adicionais. Com isso, há incertezas sobre a magnitude da deterioração do perfil de dívida do Brasil.