O cigarro prejudica a fertilidade? A mulher é a principal responsável pela infertilidade conjugal? Homens que fizeram vasectomia não podem mais ter filhos? As mulheres são férteis até à menopausa? Para engravidar o casal deve ter relações todos os dias? O uso de anticoncepcional por tempo prolongado prejudica a fertilidade feminina? As Doenças Sexualmente Transmissíveis podem causar infertilidade? Mulheres que praticam esportes e atividades físicas intensas podem ter dificuldade para engravidar? Quem faz tratamentos para engravidar sempre tem gêmeos? As tratamentos quimioterápicos podem afetar a fertilidade?
Essas e muitas outras questões são dúvidas comuns de boa parte da população. A infertilidade atinge cerca de 15% da população brasileira em idade reprodutiva e afeta o sonho de ter filhos de muitos casais. A infertilidade conjugal é caracterizada como a situação em que um casal, após um ano de tentativa, tendo vida sexual ativa e sem usar medidas anticoncepcionais, não consegue obter uma gravidez. A vida reprodutiva é consequência natural da saúde sexual e quando não ocorre a gestação espontânea é importante buscar esclarecimento e ajuda especializada.
No passado a infertilidade era atribuída exclusivamente às mulheres, mas, atualmente, já é constatado que o homem divide, igualmente, com a mulher a responsabilidade. Apesar da infertilidade masculina ainda ser tratada como um tabu, os fatores masculinos são responsáveis por 40% dos casos de infertilidade conjugal. Outros 40% dos casos são atribuídos à mulher e em 20% dos casos o problema é resultado de uma combinação de fatores em ambos os parceiros ou de causas desconhecidas. “O casal com dificuldade para ter filhos deve buscar ajuda com um especialista, a investigação da infertilidade deve ser feita no homem e na mulher\”, esclarece o médico Vinicius Medina Lopes, especialista em Reprodução Humana e diretor do Instituto Verhum.
O pico de fertilidade da mulher é entre os 20 e 25 anos de idade. Após os 30 anos e, principalmente, depois dos 35, a fertilidade feminina entra em declínio progressivo. A idade da mulher é um dos fatores naturais que afetam a sua capacidade reprodutiva. “Uma mulher com menos de 35 anos pode esperar até um ano para que aconteça a gravidez. Se atingiu 35 anos, o prazo de espera não deve ultrapassar seis meses. Após os 40 anos se a mulher deseja engravidar deve, de imediato, iniciar a investigação da sua capacidade fértil”, explica Jean Pierre Barguil Brasileiro, especialista em Reprodução Humana e diretor do Instituto Verhum.
Várias são as causas que podem levar à infertilidade na mulher, dentre elas as doenças sexualmente transmissíveis (DST\’s), os distúrbios hormonais, obstrução nas trompas, problemas de malformação ou tumores no útero, endometriose e ovários policísticos. No homem, a varicocele (varizes na bolsa escrotal) é uma das causas mais comuns da infertilidade e consiste na dilatação anormal das veias que drenam o sangue na região dos testículos. A baixa produção de espermatozoides pelo testículo, causada por alterações hormonais, a mobilidade dos espermatozoides e a qualidade do sêmen são alguns dos fatores que influenciam na fertilidade masculina. Há também causas genéticas em pacientes que não têm espermatozoides (azoospermia) ou que apresentam uma concentração inferior a cinco milhões de espermatozoides por mililitro de sêmen (oligozoospermia severa).
Outros fatores também podem influenciar a saúde reprodutiva como o estresse, tabagismo, obesidade, poluição, consumo de álcool e de drogas e o uso de alguns medicamentos.
As DST’s podem causar danos no aparelho reprodutor nos dois sexos e levar à infertilidade. Nas mulheres, por exemplo, podem provocar obstrução das trompas, impedindo a gravidez pelo processo natural. Nos homens, a gonorreia e a clamídia são capazes de causar obstrução dos canais por onde transitam os espermatozoides – os condutos deferentes. “A melhor forma para prevenir essas doenças, que podem levar, dentre outras consequências, à infertilidade, é praticar o sexo seguro com uso do preservativo em todas as relações sexuais,” orienta o médico Vinicius Medina Lopes.
Não fumar, ter uma alimentação saudável e equilibrada, praticar atividade física regularmente, manter-se no peso adequado, evitar o consumo de álcool em excesso, não usar drogas, dormir bem, controlar o estresse e a ansiedade contribuem para diminuir os riscos de infertilidade.
“Para aumentar as chances de uma gravidez natural, os casais precisam ter vida sexual ativa, com boa frequência semanal de relações que não devem ser restritas à fase fértil”, conclui Jean Pierre Barguil Brasileiro