O mito da democracia racial impede o Brasil de conhecer e reconhecer seus heróis negros e dificulta a detecção e a cura de um racismo que mantém o País com os maiores índices de violência contra a população negra do mundo.
Uma das provas disso foi a atitude do deputado federal Coronel Tadeu (PSL-SP) de destruir o painel do cartunista Carlos Latuff que estava na exposição sobre o Mês da Consciência Negra na Câmara dos Deputados.
Sete dias após esse episódio, o Instituto de Segurança Pública, (ISP) revelou, em estudo inédito, que nos primeiros 8 meses de 2019 o número de mortes por policias no Rio de Janeiro, bateu o recorde de todos os tempos: foram 1.546.
O Atlas da Violência, lançado este ano pelo Ipea e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública dá conta de que as vítimas da violência social são homens jovens, solteiros, negros, com até 7 anos de estudo, que estejam na rua nos meses mais quentes do ano entre 18h e 22h.
Mostra que 75,4% das vítimas das polícias eram negras. Para isso investigou 7.952 registros de intervenções policiais com morte em 2017 e 2018.
O contraste é imenso no Brasil. Enquanto um deputado vandaliza um quadro de uma exposição que denuncia essa realidade, do outro lado do mundo, o nigeriano Michael Aboya recebe o maior prêmio mundial de fotografia do ano do Agora Awards pela foto intitulada “Songs of Freedom”, inspirada na canção “Redemption Song”, do jamaicano Bob Marley.
Empobrecido e embrutecido, o Brasil alimenta vivo o mito da democracia racial para manter os privilégios de um grupo de oportunistas poderosos com alegações de que o país é miscigenado e que “não existe o dia da consciência branca”.
Enquanto houver esse obscurantismo, a mulher negra, por exemplo, continuará sendo a que mais sofre com o feminicídio, e o corpo negro, o que mais sofre com a hipersexualizaçao. O dia 20 de novembro, data do assassinato de Zumbi dos Palmares e Dia da Consciência Negra, é um bom momento de se começar a refletir sobre tudo isso.
Mito da democracia racial mantém o Brasil racista e violento
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