Mulheres do primeiro escalão do governo Lula e a primeira-dama, Janja da Silva, saíram em defesa de Marina Silva, ministra do Meio Meio Ambiente e Mudança do Clima, após ela sofrer ataques de senadores durante sessão da Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado.
Gleisi Hoffmann, ministra da Secretaria de Relações Institucionais, classificou o episódio como “inadmissível” e citou nominalmente os senadores Marcos Rogério (PL-RO) e Plinio Valério (PSDB-AM). “Totalmente ofensivos e desrespeitosos com a ministra, a mulher e a cidadã. Manifestamos repúdio aos agressores”, escreveu em nota oficial.
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, também se manifestou. “Toda a minha solidariedade à ministra Marina Silva, alvo de mais um episódio inaceitável de violência política. É revoltante assistir ao desrespeito e à tentativa de silenciamento de uma mulher”, disse.
Já a ministra da Mulher, Márcia Lopes, falou em misoginia. “Ela foi desrespeitada e agredida como mulher e como ministra. É um episódio muito grave e lamentável, além de misógino”.
Companheira de Esplanada, Anielle Franco, da Igualdade Racial, lamentou “profundamente cada gesto de desrespeito”. “A violência política de gênero e raça tenta nos calar todos os dias, mas seguimos em pé, de mãos dadas, reafirmando que não seremos interrompidas”.
A primeira-dama, Janja da Silva, foi na mesma linha. “Impossível não ficar indignada com os desrespeitos sofridos pela ministra Marina Silva”.
Ataques
Marina Silva deixou a audiência após ser constrangida pelo senador Plínio Valério. O tucano pediu a palavra para fazer uma pergunta e, em sua fala, disse que, como ministra, ela não merecia respeito.
Em outro momento, a ministra foi repreendida e teve o microfone cortado pelo presidente do colegiado, senador Marcos Rogério, que chegou a afirmar que ela “deveria se pôr em seu lugar”.
Parlamentar da base aliada, o senador Omar Aziz (PSD-AM) também provocou Marina Silva, atribuindo a ela culpa pela aprovação do PL 2.159/2021, que afrouxa as regras de licenciamento ambiental.
“Se essa coisa [o PL] não andar, a senhora também terá responsabilidade do que nós estamos aprovando aqui. Pode ter certeza! Pela intransigência, a falta de vontade de dialogar, de negociar, de conversar e de agilizar, mas nós iremos agilizar”, declarou Aziz.
“Lugar da democracia”
Após reunião com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), Marina afirmou que foi senadora por 16 anos e que está acostumada ao diálogo, mas que não aceitava que alguém dissesse que ela tinha de “se colocar no seu lugar”.
“O meu lugar é o lugar da defesa da democracia, da defesa do meio ambiente, do combate à desigualdade, do desenvolvimento sustentável, da proteção da biodiversidade, de projetos de infraestrutura necessários ao país”, salientou.
E completou. “O que não pode é alguém achar que porque você é mulher, é preta, vem de uma trajetória de vida humilde, que você vai dizer quem eu sou”.