O Ministério da Saúde lançou, em dezembro, uma iniciativa para reforçar a expansão da atenção primária no Sistema Único de Saúde (SUS) e a importância da Estratégia Saúde da Família (ESF) como porta de entrada para o sistema de saúde pública no Brasil.
Reconhecida mundialmente por melhorar os sistemas de saúde, a atenção primária – modelo que prioriza a saúde da família – é uma das maiores fortalezas do SUS. Com ela, é possível reduzir as taxas de mortalidade infantil e de doenças cardiovasculares, além de promover o acompanhamento constante da saúde da população.
Segundo artigo publicado pela ministra Nísia Trindade e pelo secretário de Atenção Primária, Felipe Proenço, a cada expansão de 10% da ESF em um município, com uma equipe que permaneça no mínimo dois anos, registra-se uma redução de, pelo menos, 5% na mortalidade infantil. Quando a permanência chega a oito anos, a redução pode ultrapassar 30%. Em locais com 70% de cobertura da saúde da família, as mortes por doenças cardiovasculares caem mais de 60%.
Apesar dos dados positivos, o modelo de expansão da Saúde da Família foi descontinuado no governo anterior, dificultando o acesso das famílias às Unidades Básicas de Saúde (UBS) e comprometendo o atendimento.
Muitas pessoas foram cadastradas, mas não receberam o devido acompanhamento. A situação gerou um alto número de cadastros sem atendimento efetivo, visto que as equipes passaram a ter que cuidar de até 4 mil pessoas, o que não é compatível com as melhores práticas internacionais.
Retorno do modelo novas metas
Com a retomada da estratégia, o MS anunciou que, em 2024, as equipes de Saúde da Família atenderão, em média, 2.500 pacientes, garantindo mais qualidade no atendimento e reduzindo o tempo de espera por consultas. Uma das mudanças é a ampliação do horário de funcionamento das UBS, que agora passaram a atender até as 22h, além do incentivo às visitas domiciliares, um dos pilares da estratégia.
Outro avanço é a integração entre a atenção primária e a especializada, por meio do Programa Mais Acesso a Especialistas, também lançado em 2024, que visa ampliar o acesso da população a médicos especializados, sem perder de vista o cuidado integral da saúde.
Até 2026, o Ministério tem como meta criar 2.360 equipes de Saúde da Família, 3.030 equipes de Saúde Bucal e 1.000 equipes multiprofissionais. Com isso, a cobertura de pessoas atendidas pela atenção primária deve atingir 80%.
Em 2023, mais de 2.198 novas equipes de Saúde da Família foram implementadas, representando um aumento de 52% em relação aos anos anteriores. Esse avanço resultou em 16% mais consultas médicas e 29% mais procedimentos, quando comparado a 2022.
Vacinação
O Brasil também alcançou um importante marco em relação à imunização infantil, ao sair da lista dos 20 países com maior número de crianças não imunizadas, um feito destacado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Unicef.
Esse resultado positivo é reflexo do Movimento Nacional pela Vacinação, lançado em 2023, e da recuperação das coberturas vacinais no país, com 13 das 16 vacinas principais do calendário infantil apresentando aumento significativo em suas taxas de vacinação.
A atual gestão também aumentou o investimento em ações de imunização e na criação de um sistema de dados mais eficiente para o registro de vacinas. Em 2023, foram investidos mais de R$ 6,5 bilhões na compra de imunizantes, e o valor previsto para 2024 é de R$ 10,9 bilhões.
Além disso, o sistema de informações foi modernizado para garantir maior transparência e agilidade no monitoramento da vacinação, permitindo que os cidadãos consultem a situação vacinal online por meio do “Meu SUS Digital”.
Com a retomada e ampliação da ESF, o governo federal aposta na melhoria do atendimento à saúde, com mais foco na prevenção e no cuidado contínuo da população, especialmente nas áreas de maior vulnerabilidade social.