A Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal (CDH) vai acompanhar as investigações de uma nova denúncia de tortura contra a ação de policiais militares. Desta vez, um caminhoneiro de Planaltina afirma que foi agredido cinco policiais militares do 14º Batalhão da Polícia Militar (Planaltina), em 17 de julho deste ano. Dois deles são acusados pela Justiça de envolvimento na morte do auxiliar de serviços gerais Antônio Pereira de Araújo, que desapareceu em 26 de maio de 2013 após abordagem policial.
- Advertisement -
No próximo dia 21 de novembro, completará um ano que a ossada de Antônio foi localizada em um matagal, em Planaltina. Em reportagem publicada no dia 9 de junho deste ano, o JBr.mostrou em primeira mão detalhes sobre o Inquérito Policial Militar que complicou situação dos policiais.
O caso do caminhoneiro é apurado pelo Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) desde o dia 18 de julho, quando Fernando (nome fictício), 38 anos, procurou a Promotoria de Justiça para denunciar a conduta dos militares. A CDH, que também auxilia a família de Antônio Pereira, encaminhou ofício ao MPDFT cobrando empenho na apuração do caso, já que há suspeita da participação do sargento Flávio Medeiros de Oliveira e do cabo Edison dos Santos, que também são investigados pelo desaparecimento de Antônio em um outro processo. Ainda hoje, a comissão deve entrar com representação junto ao órgão para cobrar celeridade na investigação do caso.
Conforme relatou Fernando ao MP e à CDH, passavam das 20h30 do dia 17 de julho, quando ele voltou com a família ao caminhão de sua propriedade, estacionado em um posto de combustível, na BR-020. Ele teria ido buscar a carteira de habilitação dentro do veículo.
Ao descer do carro – um Celta de cor vermelha -, recebeu a ordem de três policiais para que deitasse no chão. Diante da recusa, ele afirma que teria sido “enforcado” pelo sargento Flávio Medeiros. Em seguida, recebeu socos dos militares Edson dos Santos e Maciel Ramos de Queiroz, ambos cabos da Polícia Militar.
Segundo Fernando, as agressões físicas foram presenciadas pela esposa e pelos dois filhos, de 16 e 11 anos.
Deboche e humilhação
De acordo com a vítima, após a abordagem uma outra viatura do mesmo batalhão se aproximou. Desta vez, com dois a bordo. A dupla, segundo Fernando, se juntou aos demais na continuidade das agressões. Um policial, de estatura forte, de acordo com a vítima, chegou a tripudiar da esposa dele, que avisou que procuraria a Corregedoria e ele poderia perder \”a farda\”. \”Ele disse que: \’Se eu perder essa farda, compro outra\’\”, afirmou a mulher.
As agressões se estenderam para a família. Um dos policiais, cujo nome as vítimas não recordam, ainda empurrou a mulher da vítima, que acabou caindo no chão. Em seguida, sacou a arma e apontou novamente para os três. \”Até então, tinha confiança na polícia. Meu filho queria ser policial. Não vai mais\”, desabafou o caminhoneiro.
- Advertisement -
Algemado, Fernando teria sido \”jogado\” no camburão da corporação. Antes de fecharem o cubículo, ele lembra ter visto um dos policiais borrifar gás de pimenta em seus olhos. \”Naquele momento, achei que fosse morrer\”, diz.