Rabiscando croniquetas neste cantinho de página há quase três anos, já citei várias figuras inesquecíveis com quem convivi de perto. No rol dos saudosos, relembro Juscelino Kubitscheck (que Deus permita a sua reencarnação o mais breve possível, para salvar o Brasil), e Newton Rossi, o poeta que comoveu até mesmo a China ateísta com o seu poema Oração Para os Que Não Sabem Rezar). Entre os vivos, escrevi sobre Hely Walter Couto, o pioneiro que ficou rico sem roubar; e o escritor Adirson Vasconcelos, meu guru literário. Mas estava faltando nessa lista o repórter Gilson Rebello, que conheci no Rio de Janeiro por volta da década de 1960.
Nosso primeiro contato foi no Jornal do Gil Brandão, hebdomadário de excelente vendagem, graças ao encarte dos moldes para roupa feminina, desenhados pelo famoso costureiro pernambucano. Já com razoável experiência na profissão, fui convidado para chefiar a Redação, que funcionava no velho prédio do bairro carioca da Lapa, com a difícil missão de comandar uma equipe de jovens focas, entre os quais Gilson, que trazia em seu curriculum vitae a referência de ter ganho, aos 16 anos de idade, dois prêmios literários pela Academia Brasileira de Letras. Não obstante nossa grande diferença de idade, acalentávamos o mesmo sonho, tal qual Hemingway, de sobreviver escrevendo livros no Quartier Latin, em Paris.
Objetivo frustrado, que nem por isso afetou as nossas respectivas alegrias de viver, continuamos nos encontrando, mesmo atuando em jornais diferentes; ele em O Globo e na sucursal carioca de O Estado de S. Paulo, realizando reportagens sensacionais, como a de vencer o mutismo do poeta Carlos Drummond de Andrade, avesso a conceder entrevistas a jornalistas. O tempo voou e eis que reencontrei Gilson Rebello aqui em Brasília, trabalhando há 14 anos no Grupo Comunidade, propriedade do incansável jornalista Ronaldo Junqueira, onde ocupa o cargo de editor-executivo do diário Coletivo.
Apesar dos cabelos grisalhos e espessa barba branca, Gilson não perdeu a garra de antigamente. Em véspera de se aposentar, pretende continuar escrevendo livros (já tem oito publicados, inclusive o best-seller A Guerrilha de Caparaó). Por mera coincidência, perdemos o Quartier Latin, mas ganhamos Brasília, o nosso Shangri-La.
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