Com menos de três meses no cargo de administrador de Taguatinga, o publicitário Marlon Costa, de 35 anos, não vacila quando aponta os principais problemas da cidade: segurança e trânsito. Ele diz que é da estrita confiança do governador, com quem trabalha há muito tempo, a ponto de dizer que seu partido é Rodrigo Rollemberg. Explica também que não caiu de paraquedas. “Fui formado em Taguatinga, no Projeção. Moro na M Norte, meus pais moram no QNL/M Norte”, informa Marlon.
Nesta entrevista ao Brasília Capital, Marlon Costa fala sobre os desafios para administrar Taguatinga e dá duas informações que podem até animar o morador da cidade. A de que Rodrigo Rollemberg o escolheu levando-se em consideração suas ligações com a cidade, onde educa seus quatro filhos com a esposa Viviane, formada em gestões públicas. E esta antiga ligação com o governador, que permitiu sua escolha sem estar na cota de nenhum político. “Trabalho com o Rodrigo desde que ele era deputado federal. Então, tenho uma relação com ele e com Taguatinga”, frisa.
Como você chegou à administração, cargo muito cobiçado por políticos, e que relação tem com Taguatinga?
Sou morador, filho de Taguatinga. Nascido e criado. Moro, hoje, na M Norte. A minha vinda para cá foi um ajuste do governador, que estava se discutindo há algum tempo. Desde o começo do governo, ele tinha a intenção de me trazer para cá. Mas tive que ocupar outras áreas que ele achava mais importante. Chegou um momento que ele falou para eu vir, até por conta da minha relação com Taguatinga. Trabalho com o Rodrigo desde que ele era deputado federal. Então, tenho uma relação com ele e com Taguatinga.
Você foi cabo eleitoral dele?
Já fui coordenador da campanha dele em Taguatinga para o Senado. Na campanha para governador, trabalhei diretamente com ele e não fiquei só em Taguatinga. No PSB, sempre que foi mencionada Taguatinga, o responsável era eu. Eu estava na subsecretaria de Mobiliário Urbano, dentro da Secretaria de Cidades, uma coisa muito importante para o governador. É a que toma conta das feiras. De lá, vim para Taguatinga, respondendo interinamente. Provavelmente, nesta semana agora, devo ser efetivado e outra pessoa ocupará o meu lugar em Cidades. O governador sempre me coloca quando é uma questão importante para ele.
A sua vinda para cá foi antecedida pelo administrador Ricardo Lustosa, que era um acordo político com a deputada distrital Sandra Faraj. Você não está na cota de nenhum deputado…
Acho que o ponto positivo para Taguatinga é este. Meu partido político é o governador Rollemberg, não tem nenhum partido por trás. Foi uma indicação pessoal dele. Ricardo estava fazendo um trabalho bom. Por conta dessas mexidas de governo, o governador quis mudar.
No final da gestão do Ricardo houve um racha em Taguatinga. Os grupos empresariais da Acit (Associação Comercial) estavam divididos. Você conseguiu pacificar isso?
Eu até imaginava que teria uma resistência maior. No começo teve. Mas, hoje, já sinto que se apaziguou. Lógico, as pessoas estão aguardando algumas ações em Taguatinga para poder fazer uma avaliação. Hoje, acredito que consigo transitar, tranquilamente, entre esses grupos.
Qual sua avaliação sobre o programa Cidades Limpas?
Cidades Limpas é um programa de governo que está se destacando dentro da Secretaria de Cidades. Já esteve em Taguatinga em menos de três meses. Assim que eu assumi a administração, pedi ao governador outro Cidades Limpas. Como é um programa que une todos os órgãos do governo, você consegue atender várias demandas da comunidade, que sozinho, na administração, não conseguiria.
Qual é o principal problema em Taguatinga?
O maior problema é o trânsito e a segurança. É o que mais senti da comunidade nestas reuniões que participamos. São coisas que você não depende tanto da administração. Mas tem que ser feita interação com outros órgãos.
Em relação à segurança, o que você quer fazer para melhorar a sensação de segurança da comunidade?
A segurança tem vários fatores. A Polícia Militar é um órgão independente, que não depende, diretamente, da administração para fazer essas ações. Já estamos conversando com o comandante-geral da PM aqui para pedir ajuda em Taguatinga. Tive uma conversa com o secretário de Segurança Pública. Mas, o ponto focal, diretamente da administração, é iluminação, tapar um buraco, pavimentação de ruas e poda de árvores, que ajudam na segurança. Isso é o que a administração pode agir, de imediato. Estamos fazendo um trabalho conjunto com a PM e SSP.
E o trânsito, que é que a gente mais ouve reclamação? A mão única na Comercial foi uma solução? Ou ainda está em estudo?
Eu participei da discussão no começo para poder fazer a inversão. Percebi que houve uma resistência muito grande da comunidade. Hoje, já tive a oportunidade de conversar com várias pessoas, a avaliação é positiva. Falam bem desta inversão. Sabemos que o trânsito de Taguatinga, pulmão comercial do DF, uma metrópole, é lógico que terão problemas de mobilidade. Tem a questão do alargamento do viaduto da EPTG, que a obra foi retomada. Nós estamos em parceria com o DER para estar com o projeto pronto para aumentar uma faixa para quem está vindo de Ceilândia e subindo o centro de Taguatinga.
Mas isto não é paliativo? A discussão técnica é a questão do túnel.
A obra do túnel é importante, mas ela está judicializada há um ano. Estou acompanhando de perto, pois foi uma demanda muito questionada quando assumi. Esbarramos mais uma vez naquela questão: essa obra não passa pela administração de Taguatinga. É infraestrutura com a administração. Mobilidade também não é só isso. É muito maior. Tem que fazer a população utilizar o transporte público.
Outra coisa que se discute há, no mínimo há 20 anos, é a questão do estacionamento rotativo, na área central, por exemplo. E ninguém consegue implantar. Esse estudo foi feito na época por José Lima Simões, que era diretor de engenharia de trânsito do Detran antes de ser administrador de Taguatinga. Ninguém dá sequência a isso.
Hoje, na secretaria de Cidades foi feito um estudo para a implantação no Setor Comercial Sul. A coisa está bem avançada. Dando certo ali, tem todas as condições de trazer para cá, pelo tamanho de Taguatinga.
Não seria mais fácil trazer antes para Taguatinga?
Seria mais fácil. Concordo. É isso que temos que olhar. Tem que começar a pensar em coisas que podem até ter resistência da comunidade, mas vai trazer benefícios aos moradores, como a inversão dos sentidos da Comercial.
Qual vai ser o posicionamento da administração de Taguatinga em relação à transferência da área do Taguaparque para Vicente Pires?
Como morador de Taguatinga, sou um pouco bairrista, sou totalmente contra essa questão do Taguaparque. Inclusive, não me manifestei durante essas discussões por conta de ser governo e para fazer uma discussão mais interna, antes do posicionamento. Sou totalmente contra isso. Foi feita uma conversa com o governador e ele gravou um vídeo esclarecendo que a poligonal do Taguaparque continuará com Taguatinga. Aqui em Taguatinga tinha três áreas de crise que estava sendo discutida na questão da poligonal e uma delas era essa. O governador bateu o martelo.
O governador passou as eleições prometendo fazer eleições para administradores. Você é a favor?
Sou totalmente a favor de eleições diretas para administrador. Não foi nem na campanha de 2014. Quando era senador e deputado ele brigava por isso. Pegamos uma crise no Brasil inteiro que tomou conta do cenário político e trouxe complicações. Para fazer eleições, corretamente, da forma que tem de ser feita, foram consultados o TSE e TRE. O TRE colocou diversas barreiras que dificultariam essas eleições. Foi feita uma consulta pública e o governador não descartou essa opção de eleições. Precisamos encontrar um meio, uma forma de fazer. Mas acho que é a forma ideal para resolver essa questão.
Paradas de ônibus da Avenida Hélio Prates são grafitadas
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