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Saúde

Mente que não acompanha o corpo

  • Ana Luisa Araujo
  • 23/05/2025
  • 09:38

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“Eu achei pouco me dizerem bipolar. Me considero tripolar. Sempre fui intensa, fora do normal”. A frase de Ana Dária Jubé, 66 anos, sintetiza uma trajetória marcada por espiritualidade, acolhimento e reinvenção. Mesmo na terceira idade, ela cursa Serviço Social, coordena uma casa de oração na Ceilândia e atua como suporte em ajuda mútua no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) III de Samambaia Sul.

A história de Ana Dária, compartilhada por aproximadamente 8 milhões de pessoas que convivem com a doença no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Transtorno Bipolar (ABTB), inaugura uma série especial do Brasília Capital sobre saúde mental.

Ana Dária – Foto: arquivo pessoal

Desde jovem, Ana Dária percebeu que seu comportamento destoava dos irmãos. Em 1994, durante a internação de um deles, buscou ajuda para si mesma em um hospital psiquiátrico. “Entrei pela porta do fundo, me comportando como louca. Fiquei só dois dias. Disseram que eu não tinha distúrbio. Mas eu sabia que algo era diferente em mim”.

Dois anos depois, já abalada pela perda da mãe, decidiu se internar por conta própria, ainda sem sintomas claros. Foi nesse momento que sua espiritualidade se fortaleceu. Não como fuga, mas como ferramenta de enfrentamento. “As internações me deram a oportunidade de praticar o que acredito. E isso tem feito diferença na minha qualidade de vida”.

Hoje, leva uma vida normal entre estudos, atividades físicas e o trabalho voluntário com pessoas em sofrimento psíquico. “Ser útil me renova. Ouvir e acolher quem vive esse tipo de dor também é um tipo de cura”, atesta Ana Dária.

Valéria Araújo Souza – Foto: arquivo pessoal

OSCILAÇÃO DE HUMOR – Valéria Araújo Souza, 37 anos, moradora de Águas Lindas (GO), descobriu recentemente que é acometida por transtorno bipolar. O diagnóstico chegou após uma internação no Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB). “Eu achava normal gostar de ficar na rua, passar noites fora. Só depois percebi que era um sintoma”, revela.

A dificuldade de manter empregos e a oscilação de humor a confundiam. Nos momentos de euforia, vinha a alegria intensa, o impulso de fazer planos e não ouvir ninguém. Depois, a queda abrupta. “Bate um arrependimento, parece que tudo o que fiz não valeu. É muito complicado”.

Vai e vem emocional

O psiquiatra Bruno de Oliveira, que já atendeu pacientes no Hospital Universitário de Brasília e hoje o faz por telemedicina, explica que O vai e vem emocional é a principal marca do transtorno bipolar. “Na mania, o humor se eleva de forma anormal, com excesso de energia, impulsividade e, às vezes até delírios. Na depressão, há isolamento, perda de prazer e pensamentos pessimistas”.

Psiquiatra Bruno de Oliveira – Foto: arquivo pessoal

Segundo o médico, a doença tem tratamento e combina medicamentos que funcionam como estabilizadores de humor e antipsicóticos, além de acompanhamento terapêutico. “Ajustar a medicação conforme a fase é essencial. E o apoio familiar deve ser constante, mas respeitoso, sem confrontos”, explica.

ACOLHIMENTO – A rede pública do Distrito Federal oferece acolhimento gratuito para quem convive com bipolaridade. As 176 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) são a porta de entrada para o atendimento em saúde mental.

Após triagem, o paciente pode ser encaminhado a Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), onde o cuidado é intensivo e feito por equipes multiprofissionais, sem necessidade de agendamento. O foco, segundo a Secretaria de Saúde, é a reabilitação psicossocial, com dignidade, proximidade e vínculo.

Este serviço público foi essencial para Valéria. “Estou fazendo o tratamento do CAPS e agora que eles estão descobrindo que eu sou bipolar. Eu realmente não sabia”.

Outra mulher ouvida pela reportagem, que trabalha com eventos e prefere não se identificar, acrescenta que é falsa a narrativa de que o transtorno só atinge pessoas propensas à depressão ou com a “cabeça fraca”.

“Pratico atividade física regularmente há anos, mantenho uma dieta equilibrada, não como açúcar ou gordura. E nada disso foi suficiente para impedir que eu tivesse uma crise de pânico no trabalho e ficasse afastada do cargo por alguns meses”.

Brasil é recordista em estresse no trabalho

De acordo com a International Stress Management Association (ISMA), o Brasil é o segundo país com maior índice de estresse no trabalho. Antes mesmo da pandemia de covid-19, o Fórum Econômico Mundial já havia projetado um gasto global de até US$ 6 trilhões com doenças emocionais até 2030, ultrapassando os custos com câncer, diabetes e doenças respiratórias.

O coronavírus agravou um cenário já fragilizado. Em pesquisa da Fundação Dom Cabral, em parceria com a empresa de recrutamento Talenses Group, quase 74% dos profissionais disseram ter sua saúde mental prejudicada pela pandemia. Líderes, mulheres e jovens foram os mais afetados. A conclusão é ainda mais desafiadora: a demanda por atendimento pode crescer ao ponto de faltar profissionais especializados em saúde mental.

No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, o tempo médio até o diagnóstico correto de transtorno bipolar pode chegar a 10 anos. Muitas vezes, os sintomas de mania são confundidos com “energia demais”, e os períodos depressivos, com “preguiça” ou “frescura”, o que, segundo as autoridades de saúde, dificulta o acesso ao cuidado e aumenta os riscos de agravamento.

ALCOOLISMO – Para a psiquiatra Doris Moreno, o problema não está apenas na falta de estrutura, mas na forma como a doença é vista socialmente. “Seguimos tratando saúde mental como algo secundário. Só cuidamos quando tudo já explodiu. E isso custa caro: em sofrimento, em produtividade, em vidas”.

Doris cita uma pesquisa realizada na Finlândia que associa a morte precoce dos indivíduos bipolares à cirrose. “O que chama a atenção é que a dependência em álcool é extremamente comum em pessoas do espectro bipolar e, inclusive, pode ser um aspecto a diferenciar a depressão bipolar de uma depressão não bipolar”.

Ela complementa que, quando essas pessoas estão com sintomas depressivos mais graves, tendem a buscar alívio em bebidas alcoólicas ou em outras substâncias. Outros fatores, na avaliação da especialista, confirmam este comportamento. Entre eles, a alteração do sono, tabagismo e o abuso de álcool e drogas.

“A consequência mais grave é o suicídio e, antes dele, o risco de auto e heteroagressão. Em episódios mistos, em que o sofrimento é maximizado, especialmente em jovens, pode acontecer de se machucar, mas também podem aparecer ideias de suicídio”, esclarece.

Em contraponto, Doris diz que, em momentos de euforia, o bipolar não cuida de sua saúde e deixa de tomar seus remédios. Já nos períodos de depressão, por conta do desânimo elevado, não se cuida como em um episódio de mania, e não gosta, normalmente, de ir ao médico.

O que fazer?

Por conta da complexidade do transtorno bipolar, o principal foco do tratamento é controlar episódios agudos e prevenir novos. Doris Moreno pontua que não basta oferecer meditação em aplicativos corporativos ou soluções simples, e diz que tempo, escuta e flexibilidade são a tríade para ajudar pessoal e profissionalmente.

“A saúde mental não vem de pufes coloridos ou de palestras motivacionais. Vem de uma rotina que respeita os limites humanos. Oferecer ioga e continuar pressionando por metas inalcançáveis é como entregar uma boia a quem já está afundando”.

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