O médico que atendeu o garoto Gustavo Riveiros Detter, de 13 anos, após ele ter se enforcado em São Vicente, no litoral de São Paulo, afirma que o adolescente sofreu uma lesão neurológica devido ao desafio que enfrentou e que consistia em ficar sem respirar por um período de tempo. Segundo a família do jovem, ele jogava online com amigos e foi desafiado por eles após ter perdido uma partida do jogo League of Legends.
O jovem foi inicialmente encaminhado ao Hospital Municipal de São Vicente e, em seguida, levado para o Hospital Ana Costa em Santos, onde morreu no domingo (16).
\”O Gustavo já chegou com um comprometimento neurológico bem importante até pela própria avaliação clínica. No momento, a gente conseguiu definir que ele já tinha uma grave lesão neurológica\”, afirma o médico Luiz Henrique Tozzi Guerra, que foi o responsável por dar o atendimento ao menino assim que ele chegou ao Hospital Ana Costa, em Santos.
Profissionais do hospital afirmam que assim que ficou sabendo de como Gustavo havia se enforcado, o médico começou a fazer rápidas pesquisas sobre o \’jogo do desmaio\’, ou Choking Game, como é conhecido na América do Norte a prática para auxiliar no tratamento da vítima.
\”Todo essa evolução do caso se deu principalmente por ele ter ficado muito tempo em parada cardíaca. Então essa parada prolongada levou a uma falta de oxigênio cerebral que levou ele a ter essa lesão neurológica muito grave, infelizmente\”, afirma.
A enfermeira Michelle Fernanda dos Santos, que trabalha no Hospital Ana Costa, atendeu o menino antes de ele ser transferido para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e afirma que tentou acalmar os pais de Gustavo assim que eles se encontraram.
\”Ela [mãe] não sabia se ele tinha se enforcado por brincadeira ou acidente. Não tem palavras para acalmar o coração de uma mãe nessas condições. Eu falei pra ela que a única coisa que a gente deve fazer é entregar nas mãos de Deus e saber que ele está bem assistido.\”
Juliana Tavares Martins também é enfermeira e auxiliou nos cuidados com Gustavo. \”Ele chegou com colar cervical. Aqui mesmo a gente só estabilizou, monitoramos e levamos pra UTI. A gente queria dar o atendimento mais rápido pra levar pra UTI\”, conta.
O caso
Gustavo Riveiros Detter, de 13 anos, foi encontrado ainda vivo com uma corda pendurada no pescoço, na noite do sábado (15). Ele estava no quarto do pai dele, usando um computador, em contato com outros adolescentes por meio de uma câmera.
Marco Riveiros, tio de Gustavo, relatou à Polícia Civil em São Vicente que, após ter perdido uma partida de um jogo online, o garoto teria sido desafiado pelos outros jogadores a se enforcar.
O caso está sendo investigado pela polícia, que já constatou a existência do desafio. Todos os jovens que participavam do jogo com Gustavo serão convocados a prestar esclarecimentos.
Segundo o relato de Riveiro que consta no boletim de ocorrência, o sobrinho brincava online com outros três colegas quando aconteceu o enforcamento. A cena teria sido acompanhada em tempo real pelos outros participantes do jogo.
De acordo com o delegado responsável pelo município, Carlos Schneider, a polícia investigará se a morte de Gustavo Detter foi acidental. Ainda segundo Schneider, todas as conversas e gravações entre os menores serão analisadas para tentar identificar o que realmente aconteceu. Gustavo foi velado na manhã desta segunda-feira (17), em Santos, também no litoral de São Paulo.
\’Choking Game\’
O desafio que pode ter levado Gustavo à morte é conhecido como Choking Game, ou \”jogo do desmaio\”. Há alguns anos, as escolas começaram a alertar os pais para a prática perigosa que os adolescentes estavam fazendo até mesmo dentro das salas de aula.
Vários vídeos de jovens se espalharam pela internet exibindo uma \”brincadeira\” que pode levar à morte, pois tem como objetivo diminuir a quantidade de sangue no cérebro até a pessoa desmaiar.
Se existir alguma pré-disposição, o adolescente pode sofrer uma parada cardíaca e a falta de oxigênio no cérebro pode deixar sequelas graves, para o resto da vida. Com a queda, também há o risco de lesões pelo corpo e até traumatismo craniano.
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