A história da Ceilândia, como de quase todas as outras cidades do DF, é esquecida. Sequer é ensinada nas escolas. Criada em março de 1971, Ceilândia padece da falta de uma bibliografia.
Agora, uma contribuição pretende preencher parte dessa lacuna. Da lavra de três pesquisadores (Clemilton Saraiva, analista histórico e econômico, Leão Hamaral, jornalista, e Lucas Pinheiro, articulista do movimento social e cultural), já está disponível o livro Ceilândia: do preconceito ao orgulho.
São 200 páginas com uma viagem ao passado da Campanha de Erradicação de Invasões (CEI), sigla que veio a dar nome ao então novo setor habitacional que nascia ao Norte de Taguatinga, na antiga fazenda Guariroba.
A planta urbanística inicial contava com 17.619 lotes. Lembrava um barril deitado, pelo qual se distribuíam as QNMs e QNNs. Para diferenciar a sonoridade dessas novas quadras, muitos informavam seus endereços com a expressão Que Nada Maria, ou Que Nada Nada.
O livro recupera as lutas, superações e conquistas. Dá voz às pessoas que contribuíram para tornar sonhos em concretudes na grande Ceilândia. “Mentes das mais variadas classes sociais, da cidade ou de fora dela, foram convidadas a descrever suas interrelações que, a seu tempo, fizeram ou fazem parte da história viva do desbravador ceilandense”, registra o prefácio da obra.
Assim, busca-se jogar luz sobre um dos principais centros populacionais do DF. Sobre seu território, meio ambiente, as ricas histórias de lutas de pessoas que tiveram que deixar suas moradas nas comunidades chamadas de Invasão – tinha a Vila do IAPI, o Morro do Urubu e do Querosene, as Vilas Tenório, Esperança, Bernardo Sayão e Colombo.
A superação dessas pessoas se confunde com a própria trajetória de Ceilândia. O livro, segundo Clemilton, busca dar ao ceilandense a devida profundidade e valor histórico da cidade que hoje tem mais de 500 mil habitantes.