Por que esse tema num espaço reservado a tratar de Nutrição? Vou tentar explicar. No Brasil, desde 2018, estão permitidos os cursos de graduação realizados na modalidade à distância. Eles vinham crescendo de forma gradativa, até que a pandemia foi a bomba propulsora para a explosão de cursos EAD. E, claro, os cursos de Nutrição e outros da área da saúde não ficaram de fora.
Atualmente, temos mais de 6.800 cursos de Nutrição no Brasil, sendo que mais de 6 mil são EAD. Imagine um profissional da saúde que não tem prática na sua vivência? Qual a chance de isso dar certo? Me desculpem aqueles que caíram nesse conto, mas o ensino à distância como é feito no Brasil não é o modelo que forma bons profissionais.
Existe muito interesse dos grandes grupos educacionais para que os cursos EAD cresçam cada vez mais. Afinal, é uma das formas de precarização do ensino superior. Se em uma turma de Nutrição um professor dá uma boa aula para até 40 alunos, esse mesmo professor pode ter turmas com centenas de alunos.
Isso significa, para a instituição de ensino, mais dinheiro em caixa e menos investimento em professor. Além disso, as instituições têm contratado cada vez menos mestres e doutores. No lugar deles, contratam profissionais muitas vezes sem experiência, recém-formados, para serem tutores dos seus estudantes.
E o que esses tutores sem experiência irão ensinar? Respondam vocês mesmos! No último ano, o Ministério da Educação formou um grupo de trabalho para ouvir os Conselhos e Associações de profissionais das profissões que ainda não tiveram cursos EAD autorizados pelo MEC, dentre eles, Medicina, Direito, Enfermagem e Psicologia.
Após a finalização das atividades desse grupo, o MEC abriu uma consulta pública com o objetivo de aprofundar o diálogo com diferentes segmentos da sociedade. Isso vai ampliar a participação social na revisão a ser iniciada na regulação do EaD na educação superior no Brasil.
Uma das propostas remete à valorização do campo de prática. Entende que cursos nessa modalidade sejam autorizados somente quando a exigência de componentes curriculares presenciais não representar carga horária expressiva do curso. Dessa forma, a proposta estabelece que apenas os cursos que tiverem carga horária presencial obrigatória inferior a 30% da carga horária total poderão ser ofertados em EaD.
E é nesse contexto que há a esperança de que cursos da Saúde não sejam mais ofertados nessa modalidade no Brasil!
Clique no link para contribuição com a consulta pública
Instagram: @carolromeiro_nutricionista