Luís Ricardo
Salas de aula superlotadas e professores sobrecarregados de tarefas. Esta é a regra do governo Ibaneis, que também funciona para a Educação de Jovens e Adultos (EJA), modalidade negligenciada pela atual gestão do Buriti com vistas ao desmonte total.
Se, no início deste ano letivo, o GDF ampliou em até 60% o número de estudantes por turma na rede pública de ensino sem qualquer diálogo com o Sindicato dos Professores (Sinpro-DF) e com o conjunto da categoria, na EJA as matrículas estão restritas a um período específico, contrariando o Parecer 118/2014 do CEDF, homologado pela portaria nº 171 de 24 de julho de 2014.
O projeto de desmonte da EJA caminha a passos largos no Buriti. A modalidade sofreu profundamente com a pandemia: os alunos tinham que optar por sobreviver ou estudar. A evasão foi grande. Agora, quando a pandemia começa a arrefecer, é obrigação do GDF fazer a busca ativa dos alunos, além de informar à população de maneira mais efetiva que a matrícula para a EJA está disponível em qualquer época do ano.
O objetivo é (ou deveria ser) facilitar ao máximo o acesso à EJA. Mas o que se vê é a restrição com vistas ao desmonte.
A Comissão de Negociação do Sinpro se reuniu com a secretária de Educação do GDF, Hélvia Paranaguá, e com membros da pasta para tratar de questões relativas à EJA. Nos últimos meses, a SEE-DF alterou o funcionamento de várias escolas que oferecem esta modalidade, ao reduzir o número de turmas e estabelecer a organização de salas multietapas.
Esta reorganização dificulta o trabalho pedagógico, ao mesmo tempo que pode gerar maior evasão escolar. A SEE-DF apontou uma série de incorreções que teriam sido identificadas em visitas realizadas a diversas escolas, mas não apresentou uma estratégia organizada para garantir aos estudantes e aos trabalhadores acesso e permanência na escola.
Denúncias
A reunião entre o Sinpro e SEE-DF ocorre após o Sindicato receber uma série de denúncias em todas as regionais de ensino do DF. Dentre as queixas, o fato de várias turmas estarem sendo ofertadas na modalidade multietapa (duas séries por turma), formato que prejudica sobremaneira os estudantes.
Dentre as denúncias recebidas, está a exigência de que as turmas de EJA tenham a quantidade mínima para permanecerem abertas, o que impede que estudantes tenham igualdade de condições de aprendizagem, e o fechamento constante de turmas.
Essas ações da SEE-DF prejudicam o ensino e dificultam o trabalho dos profissionais de educação. As decisões são tomadas sem qualquer discussão com professores, alunos e comunidade escolar.