A delação premiada feita pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado atinge, agora, o presidente internino Michel Temer. Segundo a denúncia, o peemedebista teria pedido a Machado propina para financiar a campanha de Gabriel Chalita (ex-PMDB) à prefeitura de São Paulo em 2012. Na negociação, ficou acertado o pagamento de R$ 1,5 milhão, que teria sido feito pela empreiteira Queiroz Galvão, uma das investigadas na Operação Lava-Jato.
O depoimento revela “que Chalita não estava bem na campanha; que o depoente (Sérgio Machado) foi acionado pelo senador Valdir Raupp para obter propina na forma de doação oficial para Gabriel Chalita; que posteriormente conversou com Michel Temer, na Base Aérea de Brasília, provavelmente no mês de setembro de 2012, sobre o assunto, havendo Michel Temer pedido recursos para a campanha de Gabriel Chalita”.
Em nota, a assessoria de Temer negou que ele tenha cometido qualquer irregularidade: “[Temer] jamais permitiu arrecadação fora dos ditames da lei, seja para si, para o partido e, muito menos, para outros candidatos que, eventualmente, apoiou em disputas”, diz um trecho do texto.
Na lista de recebedores de propina disfarçada de doações eleitorais de Machado estão: o governador em exercício do Rio Francisco Dornelles, para o ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves (PMDB-RJ); os senadores Agripino Maia (DEM-RN), Garibaldi Alves (PMDB-RN) e Valdir Raupp (PMDB-RO); os deputados Jandira Feghali (PCdo B-RJ), Luiz Sérgio (PT-RJ), Heráclito Fortes (PSB-SE), Walter Alves (PMDB-RN),Felipe Maia (DEM-RN), a ex-ministra Ideli Salvatti (PT-SC), o ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra (PE), já falecido, e o ex-deputado Edson Santos (PT-RJ).
Machado já havia envolvido em seu depoimento o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e os também senadores Romero Jucá (PMDB-RR), Jader Barbalho (PMDB-PA), Edison Lobão (PMDB-MA), além do tucano Aécio Neves.
No caso de Aécio, o ex-presidente da Transpetro contou a investigadores da Lava Jato que o senador do PSDB mineiro recebeu R$ 1 milhão em recursos ilícitos e em dinheiro para a campanha eleitoral que o elegeu deputado federal em 1998. Em nota, o tucanor disse tratarem-se de \”acusações falsas e covardes\”.
Pelo acordo, para se livrar de uma pena mais pesada, Machado se comprometeu a devolver aos cofres públicos R$ 75 milhões que teria recebido de propina enquanto comandou a estatal, de 2003 a 2014. Parte do valor, de R$ 10 milhões, deverá ser pago até o fim deste mês e o restante até o final do ano que vem. Além disso, pegará uma pena máxima de 20 anos quando for condenado, mas cumprirá apenas 3 anos em prisão domiciliar.