Não é segredo que há muito tempo Lula anda insatisfeito com a comunicação do governo. A saída de Paulo Pimenta para a Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul abriu espaço para o presidente resolver o problema.
Mas, enquanto não indica o novo titular da Secom, o presidente optou por seguir a própria intuição. Mesmo com atraso – a bola quicou durante vários dias na marca do pênalti e ninguém do governo chutou –, Lula marcou um golaço ao se posicionar, durante a viagem à Itália, contra o PL do Aborto.
Era muito nítida a rejeição à matéria nas redes sociais. E se tornou insustentável quando ganhou as ruas. Tanto que os deputados da “Direita Maluca” iniciaram a semana pedindo ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para retirar o projeto da pauta. Reconheciam que tomaram uma surra nas redes e nas ruas.
Na terça (18), em entrevista à CBN, Lula, mais uma vez, pautou toda a imprensa, ao soltar os cachorros contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Naquela manhã começava a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que discutiria a taxa de juros aplicada no País.
O Planalto já mostrava insatisfação com o presidente do BC, que tem se aproximado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e sinalizava para a manutenção da taxa em 10,5% ao mês. “Um presidente do BC que não demonstra nenhuma capacidade de autonomia e tem lado político. E que, na minha opinião, trabalha muito mais para prejudicar o país do que para ajudar”.
Depois dessas duas aulas, Lula está apto a acumular o cargo de presidente com o de ministro-chefe da Secom.