Há 60 dias, consórcio responsável pelo controle do manancial não tem permissão de fiscalizar o aterro
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O lixão de Águas Lindas de Goiás, localizado a três quilômetros da barragem do rio Descoberto, pode estar contaminando o reservatório responsável por 65% do abastecimento do Distrito Federal. A suspeita foi levantada por técnicos do Consórcio Público de Manejo dos Resíduos Sólidos e das Águas Pluviais da Região Integrada do Distrito Federal e Goiás (Corsap).
Embora os técnicos prefiram não se identificar, o superintendente do Corsap, Arquicelso Bites, confirma que há mais de sessenta dias sua equipe não recebe permissão para ingressar na área do lixão, que é administrado pela Caenge Ambiental. A reportagem do Brasília Capital tentou contato com a empresa desde quarta-feira (12) e até o fechamento desta edição, na sexta-feira (14), não recebeu retorno.
O secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) de Águas Lindas, Lúcio Mauro Rodrigues, não descarta a possibilidade de contaminação. “O aquífero do Descoberto fica a apenas 3 mil metros, em linha reta, do lixão. De fato, não temos como garantir que o chorume não chegue até lá através do lençol freático”, disse.
Arquicelso Bites esclareceu que o Corsap, como ente público, tem poder de exigir o direito de acessar o lixão, e o exercerá a qualquer momento, em caso de suspeita de contaminação do lençol freático. “Somos uma entidade 100% pública, formada pelo Distrito Federal, pelo estado de Goiás e pelos 19 municípios da Região Integrada de Desenvolvimento do Entorno (Ride)”, disse o superintendente do consórcio.
Segundo ele, o órgão faz a fiscalização complementar da coleta e destinação dos lixos domiciliar, hospitalar e entulhos de toda essa região. A Caenge Ambiental, de acordo com o chefe da Semarh, é contratada pela Prefeitura de Águas Lindas para fazer a coleta de lixo do município. Mas o lixão não cumpre o que prevê a nova Lei dos Resíduos Sólidos, em vigor desde agosto deste ano. E, com a falta de impermeabilização do terreno, não se pode garantir que o chorume penetre pela terra e atinja o lençol freático.
A Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal Caesb) é a gestora da Barragem do Descoberto. Por duas vezes, via e-mail, o Brasília Capital solicitou uma entrevista com algum especialista da estatal para explicar de que forma é feito o controle e o tratamento da água consumida pela população. Mas o chefe da Assessoria de Comunicação, José Carlos Barroso, se limitou a responder que “o lixão de Águas Lindas fica abaixo da captação da Caesb, não havendo qualquer risco de contaminação da Barragem do Descoberto”.