Chico Sant’Anna
Na década de 1960, uma escola pública de ensino médio era o sonho de todos os adolescentes em Brasília. Na época, praticamente, não existiam cursos privados. Funcionando como uma espécie de colégio de aplicação da Universidade de Brasília (UnB), o Centro integrado de Ensino Médio (Ciem) revolucionou a pedagogia. Ensino em tempo integral para os sonhos e projetos de cada aluno. Ali a pedagogia preconizava mais do que o ensinamento, visava a preparação de um projeto de vida.
Do Ciem surgiram engenheiros, automobilistas, presidente da República, senadores, arquitetos, jornalistas, todos com grande destaque em seus campos de atuação. Certa vez, Darcy Ribeiro declarou que o “Ciem foi a melhor experiência em educação secundária feita no Brasil”.
O projeto pedagógico foi feito por Anísio Teixeira, considerado “o pai da escola pública no Brasil”. Além de Anísio, o próprio Darcy participou, assim como Lauro de Oliveira Lima e José Aloísio Aragão, primeiro diretor da escola.
Um colégio tão revolucionário não poderia escapar aos grilhões da Ditadura Militar. O Ciem também foi vítima dos anos de chumbo. Em 1970 foi fechado.
Agora, dentro das comemorações dos 60 anos da UnB, o jornalista Antônio de Pádua Gurgel – ex-aluno do Ciem – traz ao público “CIEM: uma escola para a Vida”. O lançamento do livro acontece por ocasião da 74ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), no campus da UnB.
A proposta não é o resgate do movimento estudantil de então, já alvo de outros livros de Padu, como os amigos tratam o autor. Ele focaliza o Ciem enquanto laboratório pedagógico da Faculdade de Educação.
Na década de 1960, eram testadas técnicas pedagógicas que só agora estão sendo disseminadas para as escolas públicas de todo o Brasil, por meio da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
“Essa escola de educação integral em tempo integral estimulava os alunos a desenvolverem suas competências socioemocionais. Com suas práticas educativas vocacionais, o Ciem já continha um embrião para o chamado Projeto de Vida, que agora se torna a linha mestra do ensino médio”, salienta Pádua.
O Autor
Jornalista e escritor Antônio de Pádua Gurgel, ingressou no Ciem em 1967. Duas outras publicações dele focalizam aspectos dos 60 anos da UnB. A rebelião dos estudantes é uma reconstituição histórica dos fatos mais importantes do movimento estudantil em 1968, e o Jornal da Década de 70, que reproduz jornais alternativos de Brasília daquela década e traz a retomada do movimento estudantil a partir de 1974 na UnB. Leia matéria completa no blog Brasília, por Chico Sant´Anna.