Boas histórias não envelhecem. Essa talvez seja a explicação para o grande interesse por um dos casos que emocionou o Brasil: o roubo de um bebê em uma maternidade particular da capital federal. Os 16 anos de investigação, a angústia dos pais, a descoberta da identidada da sequestradora e o reencontro do menino com a família acabaram nas páginas do livro-reportagem O caso Pedrinho, lançado em outubro do ano passado apenas no formato digital. Escrita pelo jornalista Renato Alves, a obra chega hoje às lojas na versão tradicional. “Mais do que um projeto pessoal, esse livro pretende dar uma esperança a todos aqueles que têm um parente desaparecido por meio da história de fé e da busca incansável de pais brasilienses”, afirma o autor.
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Em 21 de janeiro de 1986, Maria Auxiliadora, a Lia, e Jayro estavam radiantes com o nascimento de Pedro. No quarto do hospital, a mãe se recuperava do parto e corujava o bebê quando uma mulher, suposta enfermeira, explicou que precisava levar a criança para fazer exames de rotina. Começava ali um pesadelo que durou 16 anos e foi acompanhado pela polícia, pela imprensa e por todo o país.
Levado para Goiânia pela sequestradora, Vilma Martins Costa, do garoto foi criado como filho legítimo por ela e por Osvaldo Martins Borges, o companheiro enganado por toda a vida sobre a origem do menino. A pouco mais de 200km, Lia e Jayro sofriam sem saber o paradeiro do menino. Os dois amargaram anos de buscas frustradas e pistas falsas, mas nunca deixaram de acreditar que Pedrinho estava vivo. Em 2002, a polícia desvendou os detalhes da história, que mais parecia um roteiro de cinema. Até aquele ano, ambos viveram por três vezes a ilusão do reencontro com o filho.
Na manhã de 10 de novembro, exatos 6.135 dias depois do nascimento de Pedro, pai e mãe puderam finalmente abraçá-lo e começar uma nova história ao lado dele. Repórter do Correio, Renato Alves foi o primeiro jornalista a entrevistar a família. Desde então, acompanha e conta as alegrias e descobertas da vida dos envolvidos, incluindo as peripécias de Vilma — que acabou condenada a 19 anos pelos sequestros e registros falsos de Pedrinho e de Aparecida Fernanda Ribeiro da Silva, também roubada ainda bebê de uma maternidade de Goiânia em 1979 e criada como se filha legítima fosse.