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Polícia Federal prendeu, na manhã de quinta-feira (27), em Belo Horizonte, Mateus
Von Rondon, assessor do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. Ele é
acusado de envolvimento em indicações de falsas candidatas para desviar
recursos do fundo partidário nas eleições do ano passado. A PF instaurou
inquérito para apurar o esquema de candidatas laranjas do PSL.
Segundo
as investigação da PF, o partido lançou candidaturas de
mulheres exclusivamente para arrecadar dinheiro do fundo público, cumprindo
a cota de 30% de mulheres. Depois, o dinheiro retornava ao partido. À época, Marcelo
Álvaro Antônio era presidente do PSL em Minas Gerais.
Além
de Mateus Von Rondon, que teve a empresa relacionada na prestação de contas das
campanhas falsas, também foi preso um dos coordenadores da campanha do ministro
à Câmara dos Deputados em 2018. Roberto Silva Soares, o Robertinho, é suspeito
de negociar as devoluções das quantias do fundo eleitoral. Ele é o
primeiro-secretário do diretório no estado.
Em
fevereiro, o jornal Folha de S. Paulo apontou que
Marcelo direcionou R$ 279 mil a quatro candidatas que não tiveram campanha
e nem votação relevante. Isto levantou a suspeita de serem laranjas. Pelo menos
uma das candidatas envolvidas no esquema mineiro relatou que Álvaro Antônio,
candidato a deputado federal, pediu a devolução de parte da verba recebida.
Em
depoimento ao Ministério Público Eleitoral, Adriana Borges disse que tomou um
susto com a “proposta indecente” do assessor dele: receberia 100 mil, mas teria
de devolver 90 mil e ainda emitir 9 cheques em branco.
Escândalo
– O escândalo dos candidatos laranjas do PSL provocou uma crise no governo que
levou à queda do ministro Gustavo Bebianno da Secretaria-Geral da Presidência. O BuzzFeed
teve acesso a gravações feitas pela candidata a deputada estadual
pelo PSL em Minas, a professora aposentada Cleuzenir Barbosa.
Os
diálogos mostram que ela procurou os assessores do ministro Marcelo Álvaro, em
setembro do ano passado, durante a campanha, para denunciar um esquema de
extorsão e lavagem de dinheiro. As gravações contradizem as declarações do
ministro, que disse que só teve conhecimento do caso em novembro.
As
quatro candidatas laranjas receberam R$ 279 mil da verba pública de campanha,
ficando entre as 20 que mais receberam dinheiro do partido no país inteiro. Desse
montante, pelo menos R$ 85 mil foram destinados a quatro empresas de
assessores, parentes ou sócios de assessores do hoje ministro de Bolsonaro. Ele
nega irregularidades.