O funcionário terceirizado da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário, Thiago Henrique Moura Soares, de 22 anos, supostamente espancado por policiais militares na quarta-feira (12), corre o risco de perder os rins. Ele está internado em estado gravíssimo na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital de Base (HBB). Os médicos evitam falar com a imprensa, mas a família informou ao Brasília Capital que o rapaz corre risco de morrer ou de passar a depender de hemodiálises para o resto da vida. Uma foto de Thiago entubado circula na Internet.
A família não sabe ao certo o que ocorreu. Segundo a mãe, consta nos registros que Thiago foi detido às 21h e só deu entrada na delegacia às 23h. O pai do rapaz foi contatado à 1h da madruga, mesmo horário em que o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU) foi chamado. Ainda segundo a mãe do funcionário público, Elaine Moura, quando o atendimento médico chegou o filho já estava desacordado e assim foi conduzido ao hospital.
Thiago continua desacordado, agora sendo mantido em coma induzido para que sejam preservadas as funções do cérebro. ”O quadro do meu filho é gravíssimo. No domingo, ele teve uma parada cardíaca de 16 minutos devido ao comprometimento dos rins. Teve um traumatismo craniano e está com edema cerebral e um quadro de pneumonia”. Elaine conta ainda que Thiago teve mais de uma convulsão e que algumas lesões são decorrentes disso. Entretanto destaca que as mais graves foram por agressão física, como consta no laudo a que ela teve acesso.
Thiago necessita fazer uma tomografia, mas o aparelho do hospital está quebrado. Do resultado desse exame dependem os próximos passos dos médicos.
Família quer justiça – Seus familiares (que pedem para não ser identificados, por temerem represálias) não acusam formalmente os PMs que abordaram o rapaz, mas cobram uma explicação plausível, não acreditando na versão oficial apresentada. “Só quero justiça e a saúde do meu filho de volta”, disse Elaine, com voz embargada. Segundo a corporação, Thiago foi localizado em atitude suspeita no Parque da Cidade, acompanhado de um amigo. Ao ser abordado pela equipe do 1º BPM, tentou fugir, e foi alcançado na quadra 712 Sul.
No tumulto que tomou conta da família, Elaine ainda relata que passou por constrangimento. Ao ser identificada por uma enfermeira no hospital, esta teria dito: “Você é a mãe do Thiago, aquele ladrão que chegou aqui drogado?”. Chateada, Elaine lembra que retrucou e identificou que seu filho deu entrada no hospital com o quadro de overdose e não de agressão. Ela não nega o possível uso de entorpecentes, mas, segundo ela, o quadro era mais complexo do que o relatado pelos policiais.
As explicações oficiais – Em resposta às indagações do Brasília Capital, a Comunicação Social da PMDF enviou a seguinte nota:
\”Após irradiado pelo Central Integrada de Atendimento e Despacho (190) uma ocorrência nas proximidades do colégio CASEB, os policiais do 1º BPM se deslocaram para atendê-la. Ao chegar no local, os policiais militares foram avisados pelo segurança do colégio sobre duas pessoas em atitude suspeita que abriram a tampa do bueiro da CEB e se evadiram do local. A equipe começou a busca pelos indivíduos nas proximidades.
Na altura da 710 sul, os dois suspeitos foram encontrados. Durante a abordagem, o primeiro abordado se mostrou colaborativo e não portava nada que o comprometesse, mas, o segundo abordado, Thiago Henrique Moura Soares, no momento da busca pessoal, fugiu do local correndo e mesmo após diversos avisos para parar ele não obedeceu a ordem.
Ao ser alcançado na altura da 712 sul, a equipe pediu que ele se deitasse no chão para evitar outra fuga. Em uma nova tentativa de busca pessoal, Thiago tentou sacar a arma do policial. Diante da situação de risco que poderia colocar em risco a vida dos policiais, do próprio homem e de terceiros, pois o fato se deu em uma área residencial, a equipe fez o uso progressivo da força com o uso de spray de gás lacrimogêneo e mesmo assim o abordado continuou a se debater tentando agredir os policiais. Após parcialmente imobilizado por dois policiais, o abordado começou a lesionar a própria cabeça e joelhos batendo-os no chão. Ao tentar impedir essa autolesão, um dos policiais foi mordido pelo homem. Em seguida, uma outra equipe chegou em apoio e foram mais policiais para que o indivíduo parasse de se lesionar e fosse totalmente imobilizado. Ao colocá-lo no cubículo da viatura, ele continuava a se debater violentamente usando as pernas e a cabeça tentando quebrar o interior do veículo gerando novas lesões.
Ele foi encaminhado à 1º Delegacia onde chegou consciente e ainda muito agressivo tentando agredir por outras vezes os policiais militares. Os agentes da 1º Delegacia também auxiliaram os policiais militares na contenção de Thiago, mas antes, os agentes retiraram as próprias armas para não dar chance a Thiago de também tentar tomar as armas dos policias. O jovem continuou a tentar se auto lesionar batendo a cabeça e pernas contra o chão e foi preciso algemá-lo nas pernas.
Quando Thiago se acalmou um pouco ele afirmou, perante todos os policias militares e civis que fez uso de diversos entorpecentes – metanfetaminas, cocaína, LSD, etc. Depois, Thiago começou a convulsionar. O Samu foi acionado e levou Thiago ao Hospital de Base.
O fato está sob investigação da Polícia Civil e os próprios policiais envolvidos na ocorrência solicitaram que a Polícia Militar também abrisse um procedimento apuratório para esclarecer os acontecimentos o mais breve possível e comprovar a licitude da ação. Posteriormente, os policiais militares tomarão as medidas judiciais cabíveis ao fato.\”
Centro de Comunicação Social da PMDF
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