Por volta da década de 1970, na cidade do Rio de Janeiro, circulavam os seguintes diários: Jornal do Brasil, Correio da Manhã, O Jornal, Jornal do Commércio, Diário da Noite, Diário de Notícias, O Dia, Luta Democrática, Última Hora, A Notícia, Jornal Gil Brandão, O Globo, Jornal dos Sports, sem contar os chamados hebdomadários nanicos como o Politika e outro de alta tiragem, que marcou época por alguns anos pelo nível de seus editores: O Pasquim.
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No que se referia aos semanários de excelentes tiragens, só da Bloch Editores, além da revista Manchete (o carro-chefe da empresa), podiam ser encontradas nas bancas Fatos & Fotos, Pais & Filhos, Amiga, Ele & Ela, Desfile, Sétimo Céu, Geográfica Universal e Carinho. Ainda na lista dos semanários de boa qualidade gráfica e editorial podiam ser acrescentados o Mundo Ilustrado e o inesquecível O Cruzeiro, que chegou a vender cerca de 700 mil exemplares semanais.
Numa adição aritmética, quando o Rio de Janeiro tinha um terço da população atual, o total representava nada menos de 13 grandes jornais e 11 revistas escritas por grandes repórteres e comentários de escritores de renome. Como participei e continuo participando dessa fase do jornalismo profissional, constato com certo pesar que o Rio de Janeiro deste 2014 tem apenas cinco jornais: O Globo, O Dia, Extra e os tablóides Meia Hora e Expresso da Notícia, e apenas a revista Época.
Aqui em Brasília, capital federal, atualmente com dois milhões e 600 mil habitantes, o único diário com vida própria é o Correio Braziliense, que vende (de fato) nas bancas cerca de 50 mil exemplares, muito embora apresente uma tiragem fictícia bem maior. E a fraca desculpa para essas baixas vendagens é a concorrência da Internet. Afinal, nos outros países não há Internet? Como se explica que lá os diários continuem em alta, até mesmo na Argentina, onde o Clarin vende 250 mil diários, numa Buenos Aires que tem pouco mais habitantes do que o DF.
A verdade é a seguinte: os donos de jornais brasileiros reembolsam os lucros e não os reinvestem em suas publicações. E é uma pena que editores competentes como Gilson Rebello e Orlando Pontes não disponham de capital suficiente para suprir essa lacuna cada vez maior. E que não me venham dizer que não há leitores. A última edição da Folha Universal, da Igreja Universal, circulou na última semana com 1 milhão e 686 mil exemplares.