Insuflados pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), parlamentares nanicos, “cientistas” políticos, ex-magistrados de pijama e até mesmo os caminhoneiros, todos aproveitam para tirar uma casquinha na Dilma Rousseff, como se ela fosse a prostituta dos versos de Chico Buarque do sucesso musical protagonizado há anos pelo famoso grupo Scambo: “Joga bosta na Geni. / Ela é feita pra apanhar. / Ela é boa de cuspir!…”. Francamente, acho que não é justo transformar a presidente da República no único punching bad (saco de porrada) no quadro da crise econômica e política em que o País está envolvido no momento.
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Não quero neste espaço incorruptível (aliás como toda a extensão do Brasília Capital),bancar o advogado gratuito de quem ocupa a mais alta magistratura do País, inclusive porque também concordo que Dilma fez uma péssima gestão no seu primeiro mandato, provocando verdadeiro tsunami nas finanças públicas. E todo esse desastre foi provocado, em grande parte, por sua arrogância, quando tomou, indevidamente, as rédeas da Economia das mãos de Mantega, o dócil ministro da Fazenda que virou marionete. Mas a verdade é que ninguém pode acusar Dilma de ter embolsado dinheiro público, como ocorre com vários figurões, entre os quais Eduardo Cunha, que continua presidindo a Câmara Federal com uma cara-de-pau impressionante.
O que constrange é ver que não aparece um salvador da Pátria para apresentar soluções e tirar o Brasil da crise. A preferência é continuar batendo na mesma tecla do impeachment de uma presidente da República que foi eleita legitimamente, embora por um partido que já morreu e não sabe. E vale a pena indagar: como ficam os autores de corrupção comprovada, como o citado Eduardo Cunha, que negou possuir dinheiro no exterior e agora foi flagrado com contas milionárias em bancos da Suíça? E idem interrogação sobre outras dezenas de políticos e ex-dirigentes de empresas estatais, que a Lava-Jato deixou à mostra a sujeira explícita?
Pelo andar do andor, tudo leva a crer que acabará em pizza. Nesse meio tempo, a ordem é: “Joga merda na Geni!” (leia-se Dilma). E, se possível, derrubá-la da Presidência, para a alegria geral, incluindo a de Michel Temer, o vice que sonha desde o início em se mudar do Palácio do Jaburu para o conforto do Palácio da Alvorada.
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