Da Redação
João Batista Pontes chegou em Brasília em 1960 apenas com os diplomas do curso primário e de datilografia na mala. Cearense de Nova Russas, formou-se em Geologia pela UnB, em 1974, e em Direito pelo IESB – Instituto de Ensino Superior de Brasília, em 2015. Trabalhou como Geólogo de Pesquisa Mineral e na gestão e planejamento ambiental em Goiás, Paraná, na Bahia e na Amazônia. Por concurso público, foi admitido no Senado Federal, em 1997, como Consultor Legislativo. Aposentou-se em 2011. Desde então, dedicou-se a escrever artigos e agora lança “Menino do Sertão”, seu terceiro livro. Nesta entrevista, ele fala da nova experiência.
Como foi o seu início na literatura? – Aposentado, passei a escrever artigos de opinião para jornais do Ceará e de Brasília, enfocando temas políticos e sociais. Sempre tive como objetivo elevar a consciência da sociedade sobre temas de interesse coletivo, como forma de denunciar e combater a desigualdade social e econômica, que infelizmente caracteriza o Brasil. Passei, também, a escrever textos sob a forma de poemas, expressando as minhas concepções sobre o mundo, a realidade social e as relações humanas. Os textos foram se acumulando, até que decidi publicá-los no meu primeiro livro (Tantas Despedidas – Ensaios e Reflexões). Em 2018 reuni os textos mais relevantes, escritos no período de 2013 a 2017, e publique meu segundo livro (No Caminho, Sempre a Caminhar – Ensaios Socioeconômicos e Políticos). Paralelamente, continuei a escrever poemas. No terceiro livro (Devaneios – Ensaios Poéticos e Filosóficos) estão reunidos os que foram escritos de 2013 a 2017.
Fale um pouco sobre “Menino do Sertão”. – É um livro semificcional, de memória, que descreve a trajetória de um menino (Jones) que saiu de uma pequena cidade do interior do Ceará e vivenciou experiências em diversas partes do Brasil. Com sua aguçada sensibilidade social, esforçou-se para conhecer a realidade sociocultural das populações que habitavam essas regiões e as descreve de acordo com a sua peculiar percepção. O livro traz informações valiosas sobre o início da construção de Brasília, onde Jones chegou em 1960, com apenas 15 anos, assim como sobre as realidades socioculturais e econômicas das outras partes onde posteriormente trabalhou e viveu, especialmente a região amazônica.
Como foram as pesquisas e quanto tempo levou para concluir seu livro? – Por tratar-se de um livro de memória, não envolveu grandes formas de pesquisa. Ao contrário, o autor procura relatar a sua visão pessoal dos vários temas descritos no livro, escrito no período de 2018 a 2020.
Destaque um trecho que você acha especial em seu livro? – Muitos trechos desse livro escrevi chorando, principalmente a parte inicial. Destaco o seguinte: “Na noite de divulgação do resultado do vestibular da UnB de 1970, Jones ficou ouvindo por uma estação de rádio de Brasília a leitura, nome a nome, da relação dos aprovados em cada curso. Os aprovados em Geologia só foram anunciados por volta de duas horas da madrugada. Jones estava sozinho quando ouviu o seu nome e teve uma das maiores emoções de sua vida. Ajoelhou-se, e somente na presença de Deus, fez um juramento: jamais usaria os seus conhecimentos intelectuais para prejudicar os seus irmãos. Ao contrário, se comprometia a sempre ajudar os mais necessitados, da melhor forma que pudesse. Ao longo de sua carreira profissional e de sua vida, nunca se esqueceu desse compromisso.”
Menino do Sertão também tem um veio político… – O livro relata o envolvimento do personagem Jones nos movimentos pela redemocratização do Brasil, ocorridos mais fortemente na década de 1980. Participação modesta, mas firme e consciente. No entanto, ele jamais poderia imaginar que a tão sonhada democracia, que tanto lutou para ver implantada, fosse nos trazer ao momento atual, no qual vemos o Brasil entregue a uma classe política degradada. Sem dúvida, o atual desgoverno, que afunda o País em crises política, econômica e sanitária sem precedentes, é produto da degradação da classe política e de um povo majoritariamente inconsciente. Espera ele que o genocídio consciente que está sendo praticado possa ser interrompido e punido exemplarmente, para que nunca mais se repita.
Existem novos projetos em pauta? – Mantenho um blog, onde os leitores poderão encontrar alguns artigos escritos mais recentemente: www.joaobpontes.com . Pretendo continuar escrevendo artigos de opinião e um novo livro retratando o Brasil que vivi.
Serviço:
O livro está à venda nas livrarias da livraria da Editora Drago (Rua Latino Coelho, 110 – Penha/Rio), na Papelaria Brapel – CLN 312, Bloco D. Loja 31 – da Asa Norte de Brasília e nos seguintes sites:
Lojasamericanas.com.br
Submarino.com.br
Extra.com.br
Casasbahia.com.br
Pontofrio.com.br
Shoptime.com.br