Há seis anos, ocorreu uma ruptura inimaginável em Brasília: as famílias do ex-presidente João Goulart e do ex-presidente do Tribunal Federal de Recursos, Armando Leite Rollemberg, ficaram em cantos opostos. Agora, uma reconciliação pode acontecer.
Para entender: Em 2015, o então governador Rodrigo Rollemberg (PSB) revogou ato do antecessor Agnelo Queiroz (PT) concedendo área no Eixo Monumental onde começava a ser erguido o Memorial da Liberdade e Democracia e abrigaria a biblioteca de Jango e o acervo sobre o Golpe de 1964.
Foi Jango quem designou Armando Leite Rollemberg, o patriarca da família, em julho de 1963, então deputado federal e líder do Partido Republicano, para ministro do Tribunal Federal de Recursos (transformado em Superior Tribunal de Justiça pela Constituição de 1988).
Em 2015, o filho de Jango, João Vicente, classificou a decisão de Rollemberg como “ato de covardia”, que teria “cedido a interesses reacionários”. O Memorial incomodava militares, que viam sua proximidade ao Setor Militar Urbano como uma provocação. Em setembro de 2015, várias entidades fizeram atos em que consideravam a desistência de o GDF seguir com a obra como um “ato de intolerância”.
Passado esse tempo, Jango Filho e Rollemberg poderão estar juntos em 2022. O PSB, de Rollemberg, e o PCdoB, presidido no DF por Jango Filho, deverão constituir uma federação partidária.
Acordo inclui o PT
Os entendimentos estão sendo feitos pelas direções nacionais dos partidos. O PCdoB chegou a cogitar uma Federação com o Psol, mas não prosperou, e sonha que a Federação com o PSB se amplie até o PT. Segundo Jango Filho, em dezembro uma comissão bipartite deverá ser constituída para elaborar estatuto, regimento e decidir como será a divisão de poder entre os dirigentes das duas agremiações.
A legislação eleitoral aprovada pelo Congresso estabelece que os partidos poderão se federalizar e nas eleições, mas a união deve perdurar por, pelo menos, quatro anos. Essa é uma forma vislumbrada para enfrentar à cláusula de barreira.
Partidos que, em 2022, não alcançarem o percentual mínimo de 2% dos votos válidos nacionalmente, ou eleger pelo menos 11 deputados federais em nove estados, não terão direito a tempo de TV e fundo eleitoral.
O PCdoB não teve bom desempenho em 2018, o que o levou a se fundir com o PPL, do qual Jango Filho é egresso, e que também não alcançou a cláusula de barreira, e hoje comanda o PCdoB no DF.