Um delator da Andrade Gutierrez citou o nome engenheiro Marcelo Reguffe (foto), irmão do senador José Antônio Reguffe (sem partido-DF), na Operação Panatenaico, que investiga um esquema de superfaturamento nas obras do estádio Mané Garrincha. As obras foram estimadas inicialmente em R$ 690 milhões, mas custou R$ 1,5 bilhão, sendo o estádio mais caro entre os 12 que receberam os jogos da Copa do Mundo de 2014. Marcelo é citado no relatório final da PF em que 21 pessoas foram indiciadas, mas não está na lista de indiciados.
Vale ressaltar que o nome de Reguffe (sem partido-DF) não foi citado no documento da PF. O parlamentar sempre se posicionou publicamente contra a construção do Mané Garrincha. Também criticou o Regime Diferenciado de Contratação para a Copa do Mundo, que conferiu incentivos às empresas envolvidas no torneio.
De acordo com delator Roberto Xavier Júnior, ex-engenheiro da Andrade, na época da construção do estádio, o então superintendente operacional da empresa no Centro-Oeste, Marcus Vinícius Dutra Moresi, o informou que \”havia um compromisso de pagamento de propina\” de 3% para o então governador do DF, Agnelo Queiroz (PT), e de 1% para o vice, Tadeu Filippelli (PMDB).
O delator afirmou que Dagoberto Rodrigues, representante da Via Engenharia, indicou a Concrecon \”para auxiliar nesse processo de recebimento de dinheiro\”. Em consequência, houve \”uma reunião com os representantes da Concrecon, Paulo Borges e Marcelo Reguffe\”. Borges era o proprietário da empresa e Marcelo, diretor, segundo o documento da PF. Os relatos foram publicados no site Metrópoles.
Xavier Júnior disse, ainda, que Borges e Marcelo Reguffe teriam participado de \”uma reunião na qual ficou estabelecido que a CCN, que faz parte do grupo Concrecon, iria firmar contrato com o Consórcio Brasília 2014, visando auxiliar na geração desses valores para pagamento de propina\”.
Contrato fictício
A empresa da qual Marcelo Reguffe era diretor forneceu concreto para as obras do Mané Garrincha \”no valor de aproximadamente R$ 30 milhões\”. O delator informou que seria firmado um contrato fictício com a CCN, de R$ 4 milhões, para a elaboração de traços de concreto. Xavier Júnior apresentou à PF uma nota sobre um dos supostos contratos fictícios em que a CCN teria recebido o dinheiro e devolvido para a Andrade fazer o repasse da propina.