A assinatura do histórico acordo nuclear entre o Irã e o grupo de países do P5+1 (Reino Unido, Franca, Rússia, China, EUA mais Alemanha), assinado na terça-feira (14), em Viena, na Áustria, foi comemorado em Brasília. Ao saber da decisão que encerra mais de duas décadas de sanções econômicas contra seu país, o embaixador iraniano no Brasil, Mohammad Ali Ghanezadeh, disse que o Irã jamais teve intenção de beneficiar o urânio para a construção de armas atômicas.
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Pelo acordo, o Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) deve adotar resolução que anule resoluções anteriores. Com isso, o Irã poderá retomar as exportações de gás e petróleo e voltar a operar o sistema financeiro internacional. E o país fica liberado para ter acesso a mais de US$ 100 bilhões em ativos congelados. Em compensação, a redução das atividades nucleares iranianas fica sujeita a verificações permanentes da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) pelos próximos 25 anos. Mas isto não deve ocorrer antes de 2016.
“O nosso programa nuclear tem fins pacíficos. Isso foi provado pelos múltiplos monitoramentos feitos nos últimos anos pela AIEA – Agência Internacional de Energia Atômica – nos 17 centros nucleares iranianos. Temos certeza de que, com um acordo abrangente, assegurando a continuação das perícias e monitoramentos, conforme as regulamentações e tratados internacionais, desaparecerão as possíveis preocupações sobre a natureza do programa nuclear iraniano, que é exclusivamente pacífica”, afirmou Ghanezadeh.
O embaixador asseverou que o Irã jamais procurou a defensiva nuclear. “Acreditamos que a defensiva nuclear que assegura a destruição mútua é uma loucura. Fomos impedidos de ter acesso a essa tecnologia. Nossos cientistas se empenharam e agora nós temos tecnologia própria. Por isso, essa ciência se transformou em um assunto de dignidade e orgulho nacional”. Segundo Ghanezadeh, o povo iraniano insiste em usufurir de suas conquistas, que custaram muito.
“Alguns de nossos cientistas foram assassinados pelo regime sionista de Israel. Nunca o programa nuclear iraniano teve dimensão militar. Por outro lado, existem países que não permitiram monitoramento internacional, mas com toda a força tentaram fazer com que as negociações não resultassem em acordo”.
Para o embaixador, o acordo com as seis potências foi uma vitória da diplomacia iraniana, com ampla autorização do governo, e que durante mais de 20 meses de negociação demonstrou que o Irã não quer mais do que é do seu direito.