A morte, embora seja inexorável, e aconteça mais cedo ou mais tarde, rebocando em seu trajeto mendigos ou milionários, covardes ou heróis convencionais (em boa maioria, falsos), continua sendo o grande mistério chocante da história, desde o tempo de nossos semelhantes que habitavam as cavernas, os trogloditas.
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Quanto ao destino de quem faz essa viagem sem volta, há quem acredite que o falecido vai direto para o Céu, Purgatório ou Inferno. De minha parte, prefiro dar uma resposta socrática: não sei! E o que até o povão sabe é que há dois tipos de óbitos: a morte morrida e a morte matada, esta última que tem o Brasil campeão mundial absoluto, sem concorrentes próximos, nem mesmo o selecionado argentino de Messi.
Quanto à morte morrida, embora as estatísticas oficiais prefiram se omitir, a realidade comprova que o Infarto do Miocárdio Agudo (antes conhecido como ataque do coração) está matando muita gente, não só idosos ociosos, mas também jovens.
Consta que os da faixa dos 30 aos 40 anos têm menos chance de sobreviver porque a ação é fulminante, não oferecendo a segunda chance, isto porque as coronárias dos mais velhos são mais elásticas e resistentes ao impacto do choque.
Graças a esse oportuno detalhe, consegui escapar quando fui atacado por um similar agudo (como dói!), há pouco mais de seis meses, mas sem drama. Tanto foi que não interrompi a sequência de minhas crônicas neste amado cantinho de página, até mesmo rabiscando no ambiente soturno de uma UTI.
Sobre a incidência fatal desses ataques traiçoeiros aos corações de nosotros, o grande público só fica sabendo quando a mídia destaca a morte de ídolos considerados imortais, como o falecimento do querido ator e diretor de teatro, José Wilker. Sem barriguinha (que é sinal de perigo), ele vendia saúde, aos 67 anos. Dos males o menor: o Infarto o levou para o Oriente Eterno na madrugada do último sábado, 5, dormindo.
Três meses antes, o noticiário também destacou o Infarto do conhecido cômico Renato Aragão, que sobreviveu provavelmente por causa de seus 79 anos. Já recuperado, ele deu uma entrevista ao Fantástico, domingo, 6: “Não como frituras ou gorduras e ainda faço esteira na Academia”.
Como se vê, todo cuidado é pouco com o Infarto do Miocárdio, mas sem pavor: “Não fujas da morte, meu filho, porque a morte há de vir!”, recado do poeta Gonçalves Dias.