Na tarde desta terça-feira (22), na Câmara dos Deputados, o confronto entre indígenas, policiais militares e policiais legislativos desencadeou uma série de críticas à repressão contra a manifestação. Vários índios sofreram com as bombas de gás lacrimogêneo e três agentes foram feridos por flechadas, sendo um policial legislativo e um militar, além de um profissional da área administrativa da Câmara.
O poicial legislativo Ricardo Miranda foi levado pelo Corpo de Bombeiros para atendimento no Hospital Santa Lúcia, onde seria submetido a uma cirurgia para retirada de uma flecha alojada na perna. O agente administrativo, atingido no tórax, também foi levado ao Santa Lúcia, e está fora de perigo.
A Polícia Militar do DF (PMDF) confirmou ferimento no pé de um integrante da corporação. Ele foi atendido ainda na Câmara e passa bem. Representantes de várias etnias do país foram ao Congresso protestar contra a tramitação do projeto de lei 490, que está em pauta na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e permite a retirada de demarcação de terras indígenas já homologadas. A proposta, que é defendida pelo governo federal, ainda liberaria mineração comercial e agricultura em terras indígenas.
A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), acompanhou a manifestação e se queixou da violência policial. “A imbecilidade política levou a violência. O que os indígenas queriam era tirar o projeto 490 da pauta até dia 30, quando 0 STF [Supremo Tribunal Federal] decide sobre o marco temporal das terras indígenas. A direção da Câmara tem de explicar porque sua polícia dispersou os manifestantes e chamou a PM”, frisou.
O deputado Zé Carlos (PT-MA) criticou a atuação policial. “Indígenas em protesto em prol de seus direitos de demarcações de terras indígenas foram recebidos na Câmara com tiros de borracha, bombas e violência de policiais. Até quando manifestações em defesa de direitos e a liberdade de expressão, serão motivos para tamanha violência?”, escreveu no Twitter.
O líder do PT no Senado, senador Paulo Rocha (PT-PA), também reclamou da reprimenda e classificou como “absurda” a reação da polícia. “Neste momento, indígenas são recebidos com bombas na entrada da Câmara. Há duas semanas, vários indígenas estão acampados na Esplanada em protesto ao projeto que dificulta a demarcação de territórios”, destacou.
A líder da bancada do PSol na Câmara, deputada Talíria Petrone (PSol-RJ), condenou o confronto. “É um absurdo que isso aconteça no que deveria ser a casa do povo”, publicou nas redes sociais.
O perfil oficial do PSol também se manifestou. “Os povos indígenas são recebidos agora na Câmara com bala e gás”, ressaltou.
Lideranças indígenas afirmam que, caso o projeto seja aprovado, terras indígenas serão liberadas para exploração predatória e ficariam inviabilizadas novas demarcações. Eles pedem que o projeto seja definitivamente retirado da pauta.
Na prática, o projeto de lei passa a permitir a implantação de hidrelétricas, mineração, estradas e arrendamentos, entre outros, em reservas indígenas.
Veja o video do confronto: