O pagamento de auxílio-moradia retroativo a conselheiros e procuradores do Tribunal de Contas do Distrito Federal, de outubro de 2009 a setembro de 2013, foi revogado quinta-feira (31). “Vencemos! Vencemos! Vencemos!!!!! Vitória parcial. Vamos pra rua”, escreveu o médico Kleber Nogueira de Campos, do Hospital de Base (IHBDF), no seu Facebook. A conta, prevista em R$ 1,6 milhão, provocou nele uma revolta incontrolável e o levou um ato de repúdio à despesa que ele considerava totalmente descabida.
Ele faz analogia com a situação dos pacientes de câncer, mais de mil apenas na fila de um dos exames, a radioterapia, para dizer que sua tolerância chegou ao fim. E passou a conclamar os cidadãos a não aceitarem “o uso indevido do nosso dinheiro pelos conselheiros e procuradores do TCDF”. O médico acentuou que “a maioria dos nobres conselheiros tem moradia própria em Brasília e todos estão cientes das dificuldades fiscais que o DF enfrenta, ou deveriam estar, considerando seus cargos, e a missão principal do órgão ao qual servem. Isso é inadmissível, inaceitável, ilegítimo, imoral e ilegal”.
A repercussão negativa do privilégio fez a presidente do TCDF, Anilcéia Machado, revogá-lo. Ela citou ainda questionamentos feitos pelo Ministério Público em ação civil encaminhada à Justiça. O pagamento do auxílio-moradia no tribunal refere-se a um processo de 2014. A corte havia reconhecido a dívida de exercícios anteriores, de outubro de 2009 a setembro de 2013.
Os conselheiros têm direito a valor mensal de R$ 4.377,73. O cirurgião torácico Kleber Campos, coordenador de residência médica na sua especialidade e com PhD feito em Toronto, Canadá, diz que não conseguia engolir isso. “Foi a gota d’água”, justifica. Ele cita vários casos de pacientes e aponta centenas deles que sequer fizeram a primeira consulta como o pano de fundo para o protesto que organizou.
“Cansei, como cidadão e médico, de assistir à malversação de recursos públicos por esses caras. Enquanto isso, vemos todos os dias pessoas morrendo em condições evitáveis nos hospitais da Secretaria de Saúde do DF. É duro”, desabafa. Ele pretende também passar com carro de som em várias cidades-satélites denunciando o que “o tribunal que deveria estar zelando pela boa aplicação do dinheiro público, está se apropriando dele”.} else {