Diva Araújo
Dentre os 594 representantes da população brasileira no Congresso Nacional, apenas a deputada Joênia Wapichana (Rede-AP) é de origem indígena. Ela foi a primeira mulher indígena a se eleger para a Câmara Federal. A baixa presença no Parlamento dificulta a defesa dos interesses desses povos.
Para aumentar a bancada, indígenas se articulam para lançar candidatos à Câmara dos Deputados e às assembleias estaduais de todo o País nas eleições deste ano. O objetivo é dar andamento e celeridade aos projetos paralisados que tratam das demarcações de áreas e da liberação da mineração em suas terras.
Esta estratégia foi intensamente discutida durante o Acampamento Terra Livre (ATL), realizado por um coletivo de organizações não-governamentais no dia 12 de abril, em Brasília. O encontro acontece há oito anos e reúne milhares de indígenas na capital da República.
Durante o evento, que contou com a presença do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, o cacique Xavante Agnelo Temrite afirmou que “se o índio não defender índio, o branco é que não vai. O branco não vai falar ‘pode deixar que a gente defende vocês’. Por isso que a gente tem que ter coragem”.
Uma das apostas do movimento é Nice Tupinambá, pré-candidata a deputada federal pelo PSOL do Pará. Ela trabalha com o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues (PSOL). A reeleição de Joênia Wapichana pelo Amapá também é uma das prioridades.
A meta é eleger pelo menos quatro parlamentares federais de origem indígena comprometidos com a pauta de demarcação das áreas dos povos originários e o fim do garimpo ilegal em suas terras, e oito deputados estaduais.
Para isso, a estratégia engloba a montagem de chapas viáveis eleitoralmente e a adoção de um discurso que amplie o eleitorado potencial de candidatos indígenas.
Com informações de BBC Brasil